quinta-feira, 14 de março de 2019

Prole - Quinta parte

Uau... 2013 foi quando postei a quarta parte de Prole?
Bem, demorei mais tempo do que esperava para terminar a segunda parte de Em Busca do Conhecimento.
Muitas coisas aconteceram para essa demora acontecer, mas eu terminei tem dois anos, mais exatamente em julho de 2017.
Bem, tarda, mas não falha e publico AGORA a quinta parte do Segundo Capítulo de Em Busca do Conhecimento, Prole. Espero que gostem como eu!
Mas, lógico, antes de lerem essa parte, leaim a primeira, a segunda, a terceira e a quarta parte de Prole, a terceira parte de Em Busca do Conhecimento.

Enquanto ambos pensavam na atual situação que vivenciavam, na casa da família de Minerva, Joshua estava ansioso com o primo ter saído com ela, então Giácomo se aproximou, falando baixo com ele:
- Giancarlo está distraído com Sr. Enéias, quer sair? – Na ansiedade, Joshua somente balança a cabeça afirmativamente, e os dois saem. Do lado de fora, Giácomo volta a falar. – Tu parecias que explodiria, precisava te tirar de lá...
- É o Miguel. – esbravejou Joshua. – Ele sabe o que está em risco aqui.
- E o que está em risco? – Perguntou Giácomo intrigado. Então Joshua olhou espantado percebendo que poderia terminar estragando tudo.
- Hã... Não, nada. Sabe, melhor é irmos tomar um refresco na mercearia. – E seguiram para o local. Ao chegarem lá, se depararam com grupos de pessoas sentadas nas mesas, conversando e bebendo, que observaram os estrangeiros que chegavam e entravam. Joshua não tinha costume de beber bebidas alcoólicas, nem mesmo refrescos gaseificados, então pediu um suco enquanto Giácomo se servia de um copo de grappa, quando repararam que duas pessoas entravam na cantina. Eram a moça índia e um senhor mais velho, que ela acompanhava, que talvez fosse seu pai ou avô, mas Joshua já o imaginou como seu marido:
- Mas se não é a jovem rapariga que vimos mais cedo. – Argumentou Giácomo.
- Melhor deixarmos para lá, aquele pode ser o marido dela. – Respondeu Joshua, desviando o olhar.
- Será mesmo? – Giácomo se aproximou dos dois. – Boa tarde para vós. Chamo-me Giácomo. – Os nativos o encararam. – Vós sois próprios desta terra, decerto? Sabem falar à língua que me utilizo?
- Tens bastantes perguntas, mas para ambas a resposta é sim e pelo que vejo não é daqui, senhor... – falou o homem mais velho.
- Giácomo, meu nobre senhor, e tens razão em tua afirmação. Venho do estrangeiro, da Itália.
- Então é como a maioria que habita esta vila, como o senhor Adriano ali, que cuida deste armazém. Chamo-me Irani e esta é minha sobrinha, Bianca.
- Parece um nome incomum para uma jovem índia. – Argumentou Giácomo.
- Estamos em tempos diferentes, meu bom senhor. – argumentou o Irani. Giácomo ergueu a mão para cumprimentar a jovem. – Cumprimente o moço, Bianca. – Ela estendeu o braço e timidamente o cumprimentou:
- Olá! – Ela disse, com uma voz fraca e por trás de um sorriso acanhado.
- Perdoai-me pelos meus modos, mas onde estão os pais dela?
- É uma triste história, meu jovem, a mãe dela faleceu após o parto que a concebeu neste mundo, e o pai seguiu-a no ano passado, após contrair uma doença trazida pelos colonizadores. Não fora possível descobrir a cura dentro de nossa tribo e os médicos daqui não puderam atende-lo a tempo.
- É triste saber de tal fato. Ah, desculpe-me, este é um amigo... Josué! – Giácomo disse quando Joshua se aproximou dele. Ao olhar para a jovem índia, Joshua tentou lembrar-se do semblante de sua tia-avó, que sempre lhe pareceu sereno e agradável, e viu ali exatamente essa aparência tranquila, dando um sorriso descuidado.
- Por que sorri jovem?
- Perdoai-me, meu bom senhor, é que me lembrei de uma tia-avó que tenho cujas origens são indígenas, também. – Depois de falar, Joshua percebera a estupidez que cometera e olhou espantado para Giácomo, que respondeu com surpresa. – Podei nos dar licença! – E puxou o tio dali de dentro:
- Então é ela? – Alarmou-se Giácomo.
- Eu não disse isso, somente falei que tinha uma tia-avó...
- Pensai bem, Joshua, se eu sou o único irmão daquele que será vosso avô, então está claro que é minha esposa. E pelo sorriso que deste, com certeza ela é a minha futura companheira. – E sorriu como tivesse conquistado uma batalha de mentes.
- Do jeito que está falando, está se achando Sherlock Holmes. – Quando ia dar continuidade a conversa, Joshua viu Miguel acompanhado de Minerva. – Mas que merda...!
- Olha os modos, rapaz! – Pontuou Giácomo que acompanhou o olhar de Joshua e vira o mesmo que o seu sobrinho-neto, o casal andava de mãos dadas. – Mas o que tens demais ali?
- Nada, deixa que eu resolvo. – E deixou o tio-avô sozinho, indo na direção do primo, que verbalizou o mesmo que Joshua. – What are you doing?73
- Cumprimenta a moça pelo menos, Joshua...
- Como é que é? – Joshua se espantou, pois além do primo falar o nome verdadeiro dele, verbalizava em português. – Eu não acredito!
- Ah, qualé, somente você pode vacilar?
- Miguel, o que nós conversamos sobre isso?
- Não finjam que eu não estou aqui. – Argumentou Minerva. – Perdoai-me Joshua, mas se você pode contar para o Giácomo de onde vocês vieram, por que seu primo não pode fazer o mesmo comigo? – Joshua passou as mãos pelo cabelo, agitando-os, depois coçou o pescoço:
- Minerva, você não entende...
- O que eu não entendo? – Ela falou. – Que vocês não são deste tempo? Que vieram para cá para conhecer esta época e podem voltar a qualquer momento? – Joshua pensou: “- Ele não falou!”, e olhou pro primo, que balançou a cabeça e disse:
- Pois é.
- Ok então. – Joshua falou e abaixou a cabeça, quando a levantou, pediu:
- Minerva, posso falar com meu primo, em particular?
- Está bem, mas pode ter certeza, Joshua, ninguém mais saberá. Também não sei se acreditariam em mim... – Ela então foi numa direção, enquanto Joshua e Miguel foram noutra:
- O que você falou? – Questionou Joshua.
- Nada, sendo que ela tava desconfiada que fossemos parentes do nonno e do tio Giácomo, mas consegui ludibriá-la. Tudo que ela sabe é que somos do futuro e que ‘cê tem uma namorada noutra dimensão. – Mencionou Miguel.
- Você falou isso? – Perguntou Joshua, meio constrangido, mas preferiu não ouvir a resposta e continuou. – Miguel, você sabe que isso não vai dar certo, pois teremos de voltar em breve para o nosso tempo. Isso pode ser um grande erro...
- Mas tinha de rolar, não é? – Taxou Miguel.
- Como assim? – Indagou Joshua.
- Cara, tu não lembra da história? Nonno se aborrece com o cara que os ajudou, pois ele abandona Tia Minerva...
- E você acha isso certo? – Replicou Joshua impaciente. Miguel pareceu refletir sobre o que o primo dissera, daí bateu na própria testa fazendo um grande estrondo.
- Putz, como sou burro! Carai, sou eu que vou chatear a tia Minerva! Fudeu! – Depois pareceu que iria arrancar o pouco cabelo que tinha. – Pra piorar, to achando que to gostando dela.
- Então a coisa está bem pior do que nós esperávamos. – falou Joshua, cansadamente. – Isso não vai acabar bem. Ambos seguiram na direção de Minerva, que percebeu a aflição deles:
- O que tu falaste para ele, Joshua? – Percebendo que Minerva estava a ponto de discutir com Joshua, Miguel a puxou:
- Depois nos falamos. – Ele disse para o primo, saindo dali com a jovem.
- O que ele lhe disse? Tu estás com semblante alarmado. – Ela colocou, assim que tomaram uma boa distância.
- Não foi nada, só que ele me fez perceber que eu posso estar cometendo um tremendo erro.
- Mas não tem nada de errado nos nossos sentimentos, Miguel. – Minerva estava alarmada. – Eu sei que pode não ser para sempre, mas porque não podemos aproveitar enquanto tu estás aqui? O que há de mal? – Miguel gostava daquilo, pois nunca havia visto uma mulher tão forte como Minerva, mas sabia o que seria o resultado da relação de ambos.
- ‘Cê não tem ideia do que vai acontecer... ou melhor, do que está acontecendo. Eu tô gostando mesmo de você, Minerva, mas isso não é certo... – A cabeça de Miguel parecia embaralhada, pois conhecia a verdade do resultaria aquela relação, mas não queria desistir dela facilmente.
Enquanto Miguel e Minerva continuavam a conversa, Joshua retornou à mercearia, e lá se deparou com Giácomo sentado em uma mesa com Irani e Bianca. Achou melhor não atrapalhar, mas ouviu a voz de seu tio-avô lhe chamando:
- Jovem Josué, aproxima-te para estar a conversar com nós. – Então Joshua foi na direção deles. – E então, a donde está o teu primo Miguel e a jovem Minerva.
- Estão a conversar sobre outros assuntos dos quais não tenho conhecimento. – Disse numa voz entristecida, pois sabia que nada de bom poderia sair daquela conversa.
Miguel e Minerva se sentaram em um banco na praça central da cidade:
- O que vocês ainda está me escondendo, Miguel. – questionou Minerva. – Sei que ainda existem coisas que não quer me contar. Sabe, não sei se consigo confiar que vocês só estão ajudando Giácomo e Giancarlo... – mas antes dela continuar, apareceram Diana, acompanhada de Giancarlo:
- Você não disse que iria ver sua amiga, Minerva? – Arguiu Diana, enquanto Giancarlo se dirigiu à Miguel, perguntando-lhe:
- Che cosa è, giovane Miguel? 74
- Onestamente, Giancarlo, non è tutto ciò che può interessarvi. – Miguel encontrava-se extremamente estressado com tudo, e como sua maior raiva era a forma como seu avô havia tratado Joshua, ele descontou tudo em Giancarlo. - Si mostrano un disprezzo enorme per mia cugina ed è interessato a me. Mi scusi! 75
Miguel saiu andando, depois de trombar propositalmente em Giancarlo, quase derrubando-o. Diana ficou chateada com a atitude de Miguel:
- Ma questo è un modo di trattare una persona che si prende cura di lui?76 – Ela falou, para que Giancarlo entendesse, e teve uma resposta imediata de Minerva:
- Scusami, sorella mia, signor Giancarlo, ma Miguel è arrabbiato per qualcos'altro. Scusi.77 – e foi atrás de Miguel. Assim que o alcançou, ofegante, disse:
- Você anda bem rápido. – tentou amenizar a situação, mas percebeu a tensão no rosto. – Miguel...
- Minerva, pare de me questionar, caramba. – Ele estava irado. Sua cabeça parecia que ia explodir. Ele olhou para ela que estava assustada com a reação dele, então buscou se acalmar e em um tom mais apaziguado, disse:
– Olha, me desculpa, mas em tão pouco tempo eu nunca tive um sentimento tão bom por alguém, e o problema disso é que eu não poderia sentir isso, pois somos muito distantes, e com vidas muito diferentes. Já vi o que aconteceu com meu primo quando ele teve de deixar Aiarp e... – ela colocou um dedo sobre os lábios dele.
- Deixe-me lhe dizer uma coisa, Miguel. Eu não sei o que vai acontecer amanhã ou daqui há dez dias ou dez anos, mas eu também nunca me importei com isso. Eu sempre vivo cada dia de cada vez. Meus pais sempre me acharam estranha, pois eu costumo querer coisas e fazer coisas que outras raparigas de minha idade não estão acostumadas a fazer. Minha sorella quer se casar, ter filhos, constituir uma família, enquanto eu pretendo exercer uma profissão, deixando o casamento para segundo plano. Se amanhã eu e você não estivermos juntos, pelo menos vivemos estes momentos juntos. – Miguel estava sem palavras. A força que percebera antes em Minerva, voltara como nunca, fazendo-o esquecer de tudo. Ele queria estar longe dali, com ela, sem ninguém para atrapalhá-los, nem mesmo Joshua.
Enquanto isso, Joshua dividia mesa com seu tio-avô, e percebeu tudo que acontecia na praça, perdendo a concentração da conversa na mesa:
- Josué? – Ele ouviu e era Giácomo lhe chamando a atenção, fazendo-o perceber que estava totalmente ausente da conversa:
- O quê? – Disse, demonstrando a distração. – Me perdoem a distração, mas estava a cá a observar a praça. Teu irmão estava lá há poucos momentos atrás, Giácomo. Será que está a sua procura?
- Acho que é improvável. – Argumentou Giácomo, não prolongando o assunto. – Eu estava a cá a conversar com o Sr. Irani sobre suas origens e ele disse que tua árvore advém dos aimorés, como os portugueses os chamara quando a cá vieram para colonizar. Diz ele que parte dos costumes precisaram ser alterados, como o uso dos botoques, adornos que usavam nos lábios e nas orelhas, para não causarem sustos aos colonos que vieram para esta região. Aderiram as religiões locais, frequentando igrejas, e negociam alimentos e costumes agrícolas com aqueles que aqui chegam. Fantástico, não? – Joshua, ouvira a tudo desta vez, mas sua mente ainda mantinha-se concentrada no que estava acontecendo com seu primo e sua tia-avó. Era insensato para ele, mas sabia que não tinha como fazer alguma coisa, até o anoitecer.
Na praça, Miguel e Minerva haviam se sentado novamente, pois Giancarlo e Diana já haviam ido embora:
- Por que agiu daquela forma com Giancarlo? Pensei que vocês estavam aqui para ajudar a ele e ao irmão dele.
- Sim, tem razão, mas foi ele que começou tratando meu primo muito mal. Se fosse menos arrogante e prepotente, eu não o trataria daquele jeito.
- Quer me contar o que houve? – Disse Minerva, calmamente, percebendo o quão alterado Miguel ficara, e esperando que aquilo o fizesse se acalmar. Mesmo ainda tenso, Miguel olhou nos olhos de Minerva e reparou em algo que não havia percebido antes, eles tinham uma tonalidade acinzentada:
- Seus olhos são lindos. – Se viu pronunciando em voz alta, fazendo-a sorrir.
- Meu babbo me disse que eu tinhas enormes olhos de coruja, por isso deu-me o nome de Minerva, a deusa romana da sabedoria. – ela argumentou. – Ele sempre foi muito ligado a mitologia, gosta muito das histórias. – ela fez uma pausa. – Você está prestando atenção em alguma coisa que estou falando? – ela disse, sorrindo, e Miguel pareceu acordar de um maravilhoso sonho. – Então, você quer me dizer o que aconteceu?
Colocando a cabeça no lugar, Miguel explicou que sua atitude tinha a ver com a forma que Giancarlo havia tratado seu primo desde que eles se encontraram. Ao fim da explicação, Minerva falou:
- Então Giancarlo destratou vosso primo? – ela disse, demonstrando perplexidade. – Mas somente por que ele falar português e não italiano?
- Não é isso. – argumentou Miguel, com a voz cansada. – O pai do meu primo não é italiano, o que o torna um mestiço (acho que é essa a palavra) e, de acordo com Giácomo, o irmão dele não vai com a cara de quem não é purosangue.
-Mas isso é criar um pré conceito de uma pessoa que ele mal conhece. - comentou Minerva. - Não imaginava que o Giancarlo fosse esse tipo de pessoa. Babbo precisa saber disso.
Falando de Enéias, ele terminou cruzando o caminho de Giácomo e Joshua, encontrando-os na mercearia:
- Giovane78 Giácomo, jovem Josué. Estão a cá a conversar com Irani. - e Enéias o cumprimentou como um amigo bem antigo. - Adriano, traga um copo de grappa para mim. Então qual o proseado de vocês?
- Estava a cá a questionar Irani a respeito de terras para adquirir. - argumentou Giácomo. - Estou com a intenção de iniciar uma plantação de algo por essas redondezas.
- Café. - pontuou Enéias. - Esse tipo de plantação dá-se bem com essas terras. Eu bem que quis iniciar uma plantação, mas devido a problemas com o abrasivo sol, fico impossibilitado de poder trabalhar com esse tipo de cousas. Então produzo meu próprio artesanato. Faço pequenas estátuas de argila que vem da região litorânea, além de trabalhar com cadeiras.
- És um artista, então? - Arguiu Giácomo.
- Quem me dera fosse. Sou somente um homem que gosta de manter as mãos ocupadas com um ofício. - colocou Enéias e reparou em Joshua. - O, meu jovem, tu pareces que desmaiará em breve. Passa algo contigo?
Joshua estava aturdido. Desde que vira Enéias chegando na mercearia, uma preocupação tomou conta dele, pois sabia que bem perto dali Miguel e Minerva encontravam-se sentados na praça. Reparando na palidez do jovem, Giácomo disse:
- O rapaz Josué está assim por causa do que ocorre na praça. - Os olhos de Joshua arregalaram-se. Enéias virou-se e viu sua filha mais velha com Miguel e respirou profundamente, soltando o vento com um certo desânimo:
- É, minha corujinha sempre foi a frente no tempo. - Ele colocou. - Desde que nascera, percebi que não seria uma moçoila como as outras. Foi crescendo e demonstrando uma indiferença com determinados costumes. Contei-lhes do inglês. - Ele pontuou. - Enquanto Diana preocupa-se com os afazeres da casa, Minerva quer o mundo. Quem sabe, quando esta guerra passar não a mando para Parma. De lá, ela poderá conhecer a Europa. Quem sabe? - Naquele instante, Minerva vinha da praça determinada, pois vira o pai sentado na mesa com Irani, Bianca, Joshua e Giácomo:
- Babbo, scusi, mas preciso lhe falar sobre Giancarlo. - Ela parecia aborrecida e Joshua, que já estava de olhos arregalados, levantou-se e ficou em riste. Numa reação determinada, sem falar nada, puxou Miguel e Minerva para longe dali. Ela protestava, mas em um tom mais baixo, Joshua arguiu, em inglês:
- What do you think you're doing?79
- Babbo needs to know how Giancarlo treated him. - Respondeu Minerva, consternada. - He can't disown you, create a pre concept with your person.80 - Respirando fundo, mas ainda em um tom mais baixo, Joshua falou:
- Look, I understand your concern and thank you, Minerva, but even if you come to explain to your father about Giancarlo's prejudiced actions, it will not change him.81 - Colocou Joshua.
- But he is walking with my sorella. - Respondeu Minerva. - Babbo has always said that no matter the differences, we must treat everyone alike, because we do not know tomorrow.82 - Nesse interim, Enéias veio na direção deles:
- Meu rapaz, isso é forma de agir com uma moça? - Argumentou Enéias, com rigidez. - Mesmo que mia figlia seja uma moçoila bem independente, existem modos para tratá-la. - Aparentando aborrecido, Enéias pegou na mão de Minerva e falou com Miguel. - Perdonami, giovane Miguel, ma porterò mia figlia a casa. Non era per lei essere per strada, soprattutto perché era una ragazza di famiglia.83 - E saíram na direção de sua casa. - Joshua e Miguel ficaram surpresos com a ação imediatista do bisavô, pois sempre ouviram deu avô e tio que ele era um homem ponderado e calmo. Quando tomaram uma certa distância, Joshua se virou para Miguel para pedir desculpas, mas este logo disse:
- Carai, isso que foi raciocínio rápido. Tu falou em inglês antes mesmo de eu pensar em entender. - Joshua ficou surpreso com a atitude do primo:
- Não está aborrecido comigo? - Questionou Joshua.
- Por que estaria? - arguiu Miguel. - Só porque 'cê afastou a gente do bisa e do tio Giácomo? 'Cê fez o certo. Ia ser a maior encrenca esse lance da Minerva com o nonno. Desnecessário. - Mas depois veio um tapa na nuca de Joshua:
- Ei. Se não está aborrecido, por que me bateu? - perguntou Joshua, esfregando a parte de trás do pescoço.
- Por causa dessa sua ideia de girico de vir pra cá. A gente sabia que Min... puta que pariu... que a tia Minerva se apaixonaria pelo cara que ajudou o nonno e do tio Giácomo. Na hora que começamos a perceber que este cara era eu, deveríamos ter voltado. - Encabulado, Joshua disse:
- Eu percebi. - Miguel parecia revoltado. - 'Pera, 'pera... não havíamos como mudar isso. Lembra o que falamos a respeito dos acontecimentos?
-Lembro. Aquele lance de que se você estava lá, era porque tinha de acontecer e todo o blá, blá, blá chato que você e o Fred tiveram depois que falei do filme. - Pontuou Miguel. - Mas desde quando você sabia, exatamente?
-Descobri somente depois que você começou a falar com o nonno e tio Giácomo. - Joshua percebeu um olhar perdigueiro de Miguel para ele. - Juro por tudo que é mais sagrado em minha vida. Naquele momento eu liguei os pontos. Tentei e fiz de tudo para tentar mudar, mas já estava feito, nós estávamos participando da formação de nossa família.
-Bem, se é para ser assim, que seja. - Falou Miguel, decepcionado. Naquele momento, Giácomo veio na direção dos dois:
-Wow, vocês dois são bem... intensi. - Giácomo falou, de forma exarcebada. - Ora, eu conversei com o nativo, Irani, e ele me disse que consigo comprar terras por a cá. Ele tem contatos que falará para que eu possa comprar por um... prezzo accessibile84.
-Mas seu irmão vai concordar com isso? - Arguiu Joshua.
-Jovem Josué, nostro padre foi bem generoso para conosco. Ele... affittato suas terras e, depois de trocar per denaro em uma... cambio valuta, nos deu o suficiente para podermos dar início em nostra attività, tanto para mim quanto para mio fratello. Não faço ideia de como Giarcarlo vai usar a parte dele, mas ho vou trabalhar na lavoura85. - pontuou. Com tantas idas e vindas daquele dia, Joshua estava cansado e falou com Miguel para retornarem à pousada, pois queria descansar após aquele dia agitado. Miguel ainda pensou em retornar à casa de Enéias, para voltar a ver Minerva - seu coração tinha sido arrebatado pelo sentimento com a jovem -, mas ponderou sobre a situação e decidiu acompanhar o primo. Eles se despediram de Giácomo, que retornou para a casa de Enéias, e foram para pousada.
No dia seguinte, Miguel e Joshua foram, receosos, até a casa de Enéias. Quando chegaram lá, foram recepcionados por Ceres, que os recebeu com animação:
-Rapazes, que prazer revê-los. - ela iniciou em português, mas lembrou que Miguel – fingia - não entendia a língua nativa. - Perdonami, giovane Miguel. Buon giorno a voi.86 Bom dia para você também, jovem Josué. Tomam café? - Ambos sorriram para a bisnonna, que esbanjava a generosidade que tantos ouviram falar.
-Sou muito agradecido, minha senhora, - falou Joshua. - mas devo recusar. Viemos falar com o senhor seu esposo, ele encontra-se?
-Ah sim, ele está ao fundo da casa, a trabalhar, consertando uma cadeira do signori Ventoruzzo. Adentrem e podem ir até lá - Ela gracejou com um extenso sorriso no rosto. Joshua e Miguel passaram pela sala, onde a mesa estava posta do café da manhã, mas não tinha ninguém nela. "Ou já tomaram café ou nem acordaram ainda, o que eu duvido muito", pensou Joshua, enquanto Miguel só pensava se cruzaria o caminho com Minerva e isso o assustava, ao mesmo tempo que deixava extasiado, se tornando uma miríade de sentimentos internos. Percebendo a aflição do primo, pois haviam conversado mais, na pousada, a respeito da situação de Miguel e Minerva, em um tom sussurrado, Joshua falou:
-Vai dar tudo certo, Miguel. Não fique aflito antes do tempo. - Antes que Miguel pudesse responder, eles chegaram à oficina de Enéias e o viram sentado em um banco, trabalhando no tracejado de uma cadeira de palhinha. Percebendo a chegada dos dois jovens, Enéias virou-se para eles e levantou-se, mas antes que Joshua pudesse falar qualquer coisa, ele disse:
-Rapaz Josué, peço-lhe mil desculpas pela minha atitude com vosmecê ontem. Quando vi a forma que puxaste minha ragazza, perdi o brio e me enervei em demasia contigo. Minerva me explicou a situação, dessa forma lhe peço desculpa. - Ao ouvir a justificativa do bisavô, Miguel tentou controlar-se – pois ainda estava fingindo que não entendia nada –, enquanto Joshua questionou:
-Mas qual justificativa ela disse ao senhor? - Enéias olhou para Miguel e falou:
-Seria tão mais fácil uma conversa se ambos soubessem italiano ou português. - então continuou. - Bene, ela me falou sobre a forma como giovane Giancarlo lhe destratou, somente porque é um nativo dessa terra, um miscigenado de duas culturas distintas. Sinceramente, eu já percebera a atitude do rapaz, mas também percebi que mia figlia maggiore se apessoou com ele. Entenda, eu tenho due figlie e preciso casá-las com rapazes que elas venham a gostar. Não posso empurrá-las em casamentos que não lhes trarão a felicidade, pois tenho enorme apreço pelo que faz bem a ambas. Capisce? - Miguel demonstrava uma imparcialidade, como se não entendesse uma palavra do que fora falado. Mas quando seu bisavô falou sobre a felicidade de suas filhas, algo o corroeu por dentro como ácido, pois já pensava na tristeza que ficaria Minerva, após sua partida. Como estava prestando atenção no que seu bisavô falava, Joshua terminou não reparando no abatimento de seu primo. Compactuando com o que Enéias falou, Joshua balançou a cabeça, cumprimentou o bisavô e olhou para Miguel, reparando no semblante do primo. Este ergueu o braço, de forma automática e cumprimentou Enéias. Ao passarem pela sala, viram que já havia sido retirada por Ceres. Ela veio se despedir deles:
- Meus jovens, depois venham almoçar conosco. Farei um spaghetti alla putanesca. - E dirigiu-se a Miguel. - Sarà um piacere avervi per il pranzo.87 - De forma automática, Miguel assentiu.
Quando haviam tomado uma certa distância da casa, chegando perto da praça, Miguel sentou e fala de forma consternada e irada:
- Mas que merda que eu fiz? - Levantou a cabeça e olhou para Joshua. - Por que você me colocou nessa porra de roubada, Joshua? Eu vou destruir nossa tia. Eu vou ser o culpado dela se tornar uma solteirona...
- Ei, calma. - Disse Joshua tentando apaziguar a ira do primo. - Nunca falei que tia Minerva tornou-se uma solteirona.
- Mas nonno falava isso. Que tia Minerva era uma solteirona que não queria amar ninguém. Que tudo era culpa do italiano que a largou sozinha. Esse sou eu... - Miguel segurava os cabelos, parecendo que ia arrancá-los com as mãos.
- Peraí. - Retrucou Joshua. - Eu posso não ter conhecido tia Minerva tão bem quanto você, mas eu sei que nonna me contou. Ela gostava de viajar. Chegou a ir à Europa, estudou em uma faculdade na Itália, morou na França, visitou a Grécia, o Egito, a Alemanha Ocidental – na época - e conheceu Austrália. Ela viveu a vida dela, mesmo que tivesse amado somente um homem, o scomparso88, como nonna o chamava. Acho que significa desaparecido
Ao ouvir as palavras de Joshua, Miguel melhorara o semblante. Ele tinha ouvido essa mesma história da avó, sobre o scomparso que fora o único amor da tia Minerva. Ela amara somente a ele e mais ninguém:
- Por que não me contou isso antes? - Perguntou Miguel, com uma entonação mais animada.
- Porque pensei que você lembra-se. - Respondeu Joshua, Naquele momento surgiu Giácomo, acompanhado de Irani e Bianca.
- Rapaz Josué e rapaz Miguel, como passaram à noite? - cumprimentou Giácomo.
-Tudo ótimo, Giácomo. Passamos na casa do Sr. Enéias, mas não o encontramos lá, nem você e nem seu irmão. - argumentou Joshua.
-Ah sim, eu despertei com os galos. Vim até a cantina para encontrar Irani e Bianca e fomos até o senhor que mi venderà as terras. - Chegou mais perto de Joshua, e falou-lhe ao pé do ouvido. - Posso trocar um dedo de prosa com vosmecê? - Depois dirigiu-se a Irani, Bianca e Miguel. - Com as vossas licenças, vou trocar um teco de palavras com meu amigo Josué. - E retiraram-se para o outro canto da praça:
- Rapaz Joshua, estou a me entusiasmar pela bela Bianca. - Giácomo falou aos cochichos. - Mas preocupa-me mio fratello. Ele nunca aceitaria uma sorella nativa dessa terra.
- E o que importa o que seu irmão aceita ou não, Giácomo. - argumentou Joshua, decidido. - Você já encarou uma relação com uma portuguesa no passado e ele demonstrou ser contra, também. Isso te impediu de gostar dela? De conviver com ela? Quem faz sua vida é você e não seu irmão.
- Tens razão em tuas palavras, mas tenho somente a ele a cá, nessas terras estrangeiras. Se ele ficar contra mim, quem eu teria como famiglia? - Pontuou Joshua.
- Você formará sua própria família, Giácomo. O importante é ser feliz e decidido com suas convicções. O resto se arranja com o tempo. - Finalizou Joshua. Giácomo assentiu com a cabeça e sorriu, então ambos voltaram para junto dos outros, que estavam em silêncio, pois Miguel não sabia se podia falar português:
- Oras, por que mantem-se mudo, rapaz Miguel. - Miguel olhou para Joshua, como se precisasse de autorização para soltar a voz e este deu com os ombros e sorriu. - Tens liberdade para falar, Rapaz Miguel, estamos entre amigos.
- Carai, assim fica difícil. - Viu o olhar repreendedor de Giácomo. - Tá, foi mal, saiu. O fod... Ah... o difícil é saber como falar e quando falar. Tá complicado. - Joshua deu uma risada, tímida. - Tá bom, pode rir, palhação. Aqui, 'cê viu Minerva?
- Ah sim. - Recordou Giácomo. - Ela e Diana foram à casa de uma vizinha para tricotarem.
- Ah tá. - Respondeu Miguel. - E suo fratello?
- Giancarlo ficou sabendo pelo Sr. Eneias que um senhor está querendo vender sua mercearia. É um italiano que decidiu ir embora para o sul e quer vender o negócio. - Explicou Giácomo.
- Bacana. Bem, vou nessa. Até mais pra vocês. - Foi na direção de Irani e Bianca, estendendo a mão para cumprimentá-los. - Foi um prazersão conhecê-los, principalmente você, tia. - Joshua deu um tapa na própria testa, mas Bianca ficou sem entender nada. Quando ele já encontrava-se a certa distância, Irani disse:
- Jeito diferente desse seu primo falar, não? - Joshua teve de raciocinar rápido, mesmo que fosse impossível pensar em algo que justificasse a atitude de Miguel:
- Ele não é daqui. Veio do sul para visitar-nos. Lá as pessoas têm trejeitos diferentes com as palavras. - O raciocínio imediato de Joshua impressionou Giácomo, que balançou a cabeça afirmativamente.
Nesse interim, Miguel tentou imaginar onde estaria Minerva, foi quando sentiu um par de mãos mornas e delicadas buscando tapar seus olhos em uma tentativa quase impossível. Ele segurou ambas mãos pequenas e virou-se, dando de frente com o lindo sorriso de Minerva e seus olhos griséu. Por pouco não a beijou de imediato e falou em português, mas percebeu a presença de Diana:
- Ciao, signore, come stai stamattina?89 - Minerva sorriu e falou com Miguel, em inglês:
- I missed you. Dreamed of me?90 - Diana percebeu que a irmã pretendia excluí-la da conversa e que fora bem íntimo o que falara para Miguel, pois seu rosto enrubescera:
- Ragazzo, Miguel, sai dove posso trovare il giovane Giancarlo?91 - Minerva olhou com espanto para a irmã:
- Não, Diana. Eu lhe contei que tipo de homem é esse italiano – Ao ouvir aquilo, Miguel precisou conter-se. - Ele destrata pessoas somente por elas não serem italianos como ele. Você não deveria... - Antes de concluir o que falava, Diana a interrompeu:
- Mia sorella, eu entendo sua apreensão, mas quem é a sorella maggiore dessa relação? - Ela falou, com um sorriso luminoso. - Eu vou tratar de ter uma conversa com Giarcarlo a respeito dessas atitudes dele, pode deixar. - E deu uma piscadela para a irmã. - Agora aproveite bem o seu bellissimo ragazzo italiano. - E saiu, deixando Minerva e Miguel com os rostos roseados e esquentados. Sentaram-se na praça, de mãos dadas, e começaram a conversar:
- Como você consegue se controlar entendendo tudo que nós falamos?
- Eu estudo Educação Física, então entendo bastante sobre perseverança e atitude. - Ele sorriu. - Aqui, o que 'cê contou pra sua irmã?
- A verdade.
- Qual verdade?
- Que ele destratou vosso primo de forma pré conceitual, somente por ele não ser un discedente legittima d'italiano.
- Mas o Joshua pediu...
- O Joshua pode pedir o que bem desejar, mas não posso suportar uma pessoa ser destratada somente por causa de suas origens. Não foi assim que meu pai nos ensinou. Hoje... - antes de Minerva continuar, Miguel deu-lhe um beijo ardente, que somente não viu quem não olhava para a praça da cidade. Ela correspondeu ao beijo com o mesmo ardor e ambos ficaram naquele momento durante um tempo considerável, que parecia ter feito o tempo parar, novamente.
Observando a praça, próximos a cantina, estavam Joshua, Giácomo, Irani e Bianca. Joshua parecia apático a situação, forçando Giácomo a questioná-lo:
- Meu caro rapaz, está a ficar com essa cara de ver o bonde passar. Nada vai dizer sobre o ato de vosso primo, em praça pública?
- Dizer o quê, Giácomo? - Arguiu Joshua. - Antes de encontrá-lo, Miguel tomou ciência de um fato que ele não lembrava e, sinceramente, já cheguei ao ponto de perceber que tudo, todas as nossas ações nesse período do tempo são factuais, ou seja, o que tiver de ser, será. - A atitude imparcial de Joshua assustou e espantou Giácomo. Enquanto isso, na praça, o beijo do casal terminara:
- Preciso lhe confessar uma coisa. - Falou Miguel. - O sentimento que sinto por você, eu nunca tive por nenhuma outra pessoa. Tô besta comigo mesmo, pois não tô acostumado com isso.
- Eu também aprecio muito tua presença, Miguel. Gosto deveras de ti, mas o que eu quero saber é o que esconde tanto? O que lhe aflige por dentro? - Miguel relembrou o que Joshua lhe contara sobre Minerva e então pensou, "foda-se":
- Seguinte, vou te contar tudo. Mas saca só, as coisas que vou te falar agora poderão ser absurdas e fora do comum, então mantem a cachola fresca.
- Quando você começa a utilizar essas gírias da tua época, fico perdida. - Disse Minerva. - Mas prometo que minha atenção estará voltada para ti e somente para ti. - Então Miguel começo do principio, contando o que já havia contado, mas colocando as partes que deixara de fora. A história perdurou até o fim do dia. Giácomo e Joshua, que estavam na cantina, conversando com Irani e aprendendo alguns costumes dos nativos da região, se despediram do indígena e foram na direção do casal. Vindo de uma direção diferente, estavam Diana e Giancarlo, que aparentava contrariado. Quando pararam perto de Miguel e Minerva, que pareciam ter terminado a conversa, Giancarlo, a contragosto, dirigiu-se a Joshua:
- Ragazzo, Josué, mi piacerebbe scusarmi per il modo in cui ti ho trattato.92 - Joshua olhava para a cara de Giancarlo, espantado. Poucos, como Miguel, conhecem como Joshua é. Como ele vinha convivendo esses dois dias, ouvindo direto as pessoas falarem a sua volta em italiano, ele começava a assimilar as palavras e compreender o que falavam, ou seja, ele entendeu uma parte do pedido de desculpas de Giancarlo, mas não podia perder a oportunidade e fazer uma cara de que não entendeu nada, forçando Miguel a falar-lhe, em inglês:
- You understand everything he said and you're doing that poker face on purpose, is not it?93
- Poker face?94 - questionou Minerva. 
- Who didn't understand anything.95 - E Minerva soltou uma risadinha, consternando Giancarlo:
- Guarda, tua sorella sta ridendo di me.96 - Aborrecido, parecia que ia partir, quando veio a resposta de Joshua, entre gaguejos:
- Io ... accetto ... le tue scuse.97 - E fez o semblante que Miguel mais odiava nele, que era de sua superioridade intelectual. Todos estavam abismados e perplexos com aquilo, boquiabertos e espantados de como Joshua articulara em italiano:
- Apesar de gaguejar, saiu-se molto bene, jovem Josué. - elogiou Giácomo.
- De onde veio isso? - Questionou Minerva e, sabendo que Miguel não poderia responder, Joshua articulou:
- Sempre tive facilidade com idiomas, desde que as ouça constantemente e possa assimila-las, me saio razoavelmente bem. - Se dirigindo para Miguel, Minerva questionou:
- What did he mean with this?98 - No que Miguel respondeu, com um sorriso malicioso:
- That he has a fucking brain in that little head.99 - Sem palavras e contrariado, Giancarlo baixou a cabeça e disse, somente:
- Scusa. - E retirou-se, seguido por Diana que, antes de sair, de um sorriso simpático para Joshua. Após eles criarem uma certa distância, todos bateram no ombro de Joshua e o cumprimentaram:
- Meu caro ragazzo, - disse Giácomo, sorridente. – nunca vi mio sorello ficar tão... stupito100. Então tens facilidades com idiomas?
- Bem, - Joshua começou a explicar-se. – o que eu faço é guardar as palavras em minha memória, criando um tipo de dicionário. Na medida que vou ouvindo-as, novamente, busco assimilá-las e tento arranhar uma fala. Foi assim que aprendi a falar ao contrário em Aiarp.
- Tu falas da primeira aventura que tiveram com o tal Interportal? – Questionou Minerva. Joshua olhou para Miguel e deu um sorriso solidário.
- Pelo jeito Miguel já lhe contou tudo, mesmo! – Joshua argumentou, sorrindo. – Mas deve ter sido a versão orelha de livro da história.
- Sim, ele me contou tudo, great-nephew.101 – Minerva falou, sorrindo de volta. Giácomo não entendera o que acontecia, mas o clima parecia mais leve e descontraído, então pontuou:
- Acho que devemos retirar-nos, pois a sua madre deve estar aspettarci. Andiamo a cena, giovani uomini e donne.102 - Enquanto Joshua e Giácomo saíam ombro a ombro, logo atrás vinham Miguel e Minerva, de mãos dadas.
Após o almoço e uma sesta, Eneias voltou para a oficina, Giancarlo decidiu sair para conversar com o dono da mercearia, novamente e, enquanto Minerva e Diana ajudavam sua mãe na limpeza das louças, Giácomo, Joshua e Miguel foram para cantina, onde sentaram para conversar:
- Então vossa inteligência é prodigiosa dessa forma? Uma memória fotográfica. – Argumentou Giácomo:
- Pois é, Giácomo. Tem alguém na família que seja CDF assim? – Questionou Miguel.
- Non capisco o que quer dizer, Miguel, ma non ricordo de ninguém de nossa famiglia com uma mente tão prodigiosa. Talvez venha de suas origens paternas, il giovane Joshua.103 – Respondeu Giácomo.
- Não sei de onde veio, sinceramente. – Colocou Joshua. – Nunca questionei minha mãe e meu pai quanto a isso. Mas você sempre dizia que eu poderia ter puxado o lado da nonna, Giácomo, por causa de Minerva... Falando nisso. – dirigiu-se a Miguel. – Você contou tudo para ela não foi?
- A versão resumida, mas sim. – Respondeu Miguel. – Contei tudo.
- Impressiona-me que tu compartilhaste com Minerva todo vosso conhecimento do futuro, il giovane Miguel, - argumentou Giácomo. – mas vós não compartilhais comigo.
- Giácomo, - disse Joshua. – não compartilhamos contigo, pois, ao contrário de Minerva, com quem temos quase contato nenhum. Eu nunca conheci Minerva antes desses dias que estamos aqui. E você, Miguel?
- Também não a conhecia pessoalmente. – Miguel respondeu. -  Nonna sempre falava dela, mas nunca a tinha visto, somente em fotos, como do casamento de nonna e nonno. Ou nos casamentos de meus pais e tios.
- Sim. – Lembrou Joshua. – Nas fotos do casamento de meus pais, ela também estava. Perguntei para minha mãe quem ela era e ela disse que era uma tia que estava representando a nonna. Na época nem liguei para isso. – Se voltou para Giácomo. – Entende, Giácomo, você era mais do que uma pessoa nas fotos, diferente de Minerva.
- Então eu era somente uma presença nas fotos? – Joshua quase engasga ao ouvir a voz de Minerva. Na presença da moça, todos levantaram de súbito:
- Tia... Minerva, – gaguejou Joshua. – a quanto tempo está nos ouvindo?
- Não o suficiente, pelo que vejo. – Respondeu Minerva. – Bem, rapazes, só vim até a cá, pois desejo prosear com o jovem Miguel, se nos permitirem. – Giácomo e Joshua deram um sorriso concedente. Miguel saiu com Minerva e foram sentar na praça, para conversar mais.
Os dias seguintes, se passaram de uma forma serena e cotidiana. Miguel e Minerva passavam o tempo que tinham livres, juntos, pois ele acordava cedo, com Joshua, para ajudar Giácomo em suas terras recém adquiridas e, às vezes, auxiliava Giancarlo na mercearia, já que tinham se entendido após o pedido de desculpas. Mesmo que desse pouca atenção a Joshua, Giancarlo não deixava de cumprimenta-lo, e Joshua o respondia, com muito prazer, em italiano. Giácomo se aproximara de Bianca, com o consentimento de Irani, e a cortejava com presentes e visitando-a em sua aldeia.
Passaram-se três meses e Giancarlo preparou um almoço, em sua casa, sobre a mercearia – ele e Giácomo haviam se mudado para lá – convidando a todos, até mesmo Joshua. Mas, para sua surpresa, seu irmão chamara Irani e Bianca. Chamando-o ao quarto, Giancarlo falou ao irmão:
- Tú não podes portare questo nativo para a cá. – Disse, de forma autoritária, ao seu irmão. – É um pranzo per gli italiani, gli indiani não saberão se comportar.104
Giancarlo aprendera um pouco de português com Minerva, que era uma professora paciente e dedicada:
- Como sempre ocorre contigo, fratello mio, - ponderou Giácomo. – Julgas as pessoas sem, ao menos, conoscerle. Irani e Bianca i miei ospiti. Se não os quiser a cá, não terá mia presenza, capisci. Quer isso na sua festa di matrimonio?105 – Mesmo aborrecidos, Giancarlo e Giácomo retornaram para seus convidados. Giancarlo fingiu que a presença de Irani e Bianca não existiam, mas isso não fazia diferença, pois os outros fizeram a presença deles serem bem-vindas.
Após terem comido generosamente, pois Giancarlo não poupara esforços para que o almoço fosse maravilhoso – mesmo que quem tivesse feito a comida tivesse sido Ceres, Minerva e Diana, ele que dera todos os produtos que vieram de sua mercearia – ele convidou a todos para prestarem atenção nele:
- Perdomani se todas as palavras não saírem in portoghese. Minerva tem sido un'insegnante eccellente, ma tem sido difficile parlare algumas palavras. Convidei a todos a cá, perché queria pedir a signor Eneias, levando em conta – olhou para Giácomo – delle tradizioni que temos come pilastro della nostra società, a mão de sua figlia Diana in matrimonio.106 – Todos, com exceção de Giácomo, sorriram e olharam para Enéias esperando sua resposta. Enéias levantou e ficou diante de Giancarlo, olhando direto nos olhos:
- Meu rapaz, - começou Enéias. – sempre sonhei em miei figlias conhecerem homens dedicados, trabalhadores, que lhe dessem uma vida segura e de boa providência. Vejo isso em ti, jovem Giancarlo. És dedicado aos seus afazeres, ao seu negócio, mantendo uma vida saudável, sem vícios. Percebi, em ti, algumas mudanças relevantes e, por isso, fico contente em conceder-lhe a mão de mia figlia Diana em casamento. – O aplauso foi uníssono, até mesmo Giácomo, que parecia aborrecido, aplaudiu a decisão:
- Sendo assim, - Giarcarlo dirigiu-se a Diana, ajoelhando diante dela, - io ti sposo, Diana. – e colocou em seu dedo uma bela aliança que encomendara. Percebendo que Giácomo estava mais distante, Joshua foi até ele:
- Parece aborrecido, Giácomo? – Questionou Joshua.
- Aborrecimentos típicos com mio fratello, giovane Joshua. – Respondeu Giácomo, com um sorriso sem sentido. – Nada com que precise se preocupar em demasia. E aí? – Questionou, mudando de assunto. – Já se passaram três meses e ainda a cá se encontram. Quando pretendem partir?
- Pois é. – Argumentou Joshua, olhando na direção de Miguel, que sorria, abraçado a Minerva. – Não tardará para partirmos. Minha preocupação é com Miguel. Acredito que terei de conversar com Minerva sobre isso e não com ele, mas fico temeroso dele se aborrecer, sendo assim, creio que terei de conversar com ambos. Vai ser difícil, mas precisa ser feito. – Giácomo olhou para o casal, que parecia totalmente distraído de tudo e plenamente felizes e abanou a cabeça, em concordância com o que Joshua falara.
Depois do festim, saíram em comitiva em direção a residência de Eneias:
- Me perdoem, por favor. – Joshua interrompeu a caminhada quando chegaram à praça. – Preciso ter uma prosa com meu primo e vossa filha, se me permitirem. – Eneias olhou firmemente para Joshua e depois direcionou o olhar para o casal, e com um abano de cabeça, concordou com o pedido do jovem. Após eles se afastarem, Joshua convidou-os para sentar, sabendo que não precisava mais fazer uso de outros idiomas, prosseguiu:
- Acredito que sabem o meu motivo dessa parada repentina.
- Eu não vou. – Sentenciou Miguel.
- Não é uma decisão somente sua, Miguel. – Argumentou Joshua. – Eu não posso voltar sem você para a nossa época. Sem contar que sabemos bem que você voltará comigo.
- Eu não posso voltar, Joshua. – Retrucou Miguel, com uma voz amargurada. – Não posso fazer isso com Minerva... – antes que pudesse continuar, Minerva o interrompeu:
- Miguel, amore mio, ti amo davvero,107 mas, por tudo que me contaste, eu seguirei minha vida de forma que sua presença estará sempre comigo. Você é parte de mim e eu sou parte de ti, e sempre seremos. – Ela deu um sorriso. – Chega a ser estranho, pois eu me apaixonei pelo meu sobrinho-neto e ele por mim. Definitivamente, o amor não tem fronteiras e pode transcender o tempo. Mio padre, uma vez me falou de um poeta, Virgílio. Já ouviu falar, Joshua. – Ele consentiu com a cabeça. – Então, existe um poema dele que, em determinada parte fala o seguinte, “l'amore vince tutto, l'amore tutto supporta”108, então sempre teremos um ao outro, mesmo que a distância – sendo essa o tempo – seja longa. Em que anos vocês estão no seu tempo?
- Em 1993. – Respondeu Joshua, pois Miguel parecia arrebentado por dentro, sem falar nada.
- Façamos o seguinte. Como disseste – Ela tocou o rosto de Miguel com um carinho enorme – eu viverei minha vida em plenitude. Viajarei, conhecerei outros mundos, outras pessoas. Terei minha vida toda para pensar sobre nós, sobre nosso amor e, quem sabe, nos reencontraremos. Usando de tua forma de pensar, creio que serei uma sessentona e tanto – não seria assim que tu falaria? – E o beijou nos lábios. Uma lágrima correu do olho de Miguel, e ele retribuiu ao beijo, com uma ardência de paixão avassaladora:
- Amanhã falaremos mais disso. – Argumentou Miguel, com um tom de tristeza.
- Não. – Pontuou Minerva. – Amanhã, bem cedo, partirão. – Ela olhou para Joshua. – Vocês devem ir. Não quero despedidas. Quero guardar tudo que vivemos aqui, na memória. Compreendeu, Joshua? – Ele abanou a cabeça, em concordância, com um olhar triste. E se dirigiu a Miguel:
- Miguel, eu sei pelo que está passando. – Miguel olhou com um semblante de ira, mas foi breve, pois lembrou pelo que Joshua passara em Aiarp. – Simplesmente não tínhamos como saber o que aconteceria. – Se voltou para Minerva. – Amanhã partiremos cedo. Vamos para a pensão, Miguel! – Minerva, com uma lágrima correndo pelo rosto, deu um último beijo na face de Miguel, levantou-se e foi para casa. O primo de Joshua não parecia que conseguiria levantar-se dali. Ficou cabisbaixo durante momentos a fio. Vendo-os na praça, Giácomo, que havia levado Irani e Bianca até a aldeia deles após o festim, foi em sua direção:
- Mais o que se passa com giovane Miguel? Parece extremamente abalado.
- Iremos embora amanhã, Giácomo. – Respondeu Joshua. – Iremos no raiar do dia, a pedido de Minerva. Ela não deseja despedidas.
- Então partiriam sem se despedir d’eu, pelo que aparenta. – Mencionou Giácomo.
- Me perdoe por isso, Giácomo, mas eu pensei em deixar Miguel na pousada e depois iria falar contigo, me despedir e explicar que estaríamos de partida. – Respondeu Joshua.
- Compreendo. – Disse Giácomo. – Bene, giovane Joshua. Nunca aceitarei que me chame de nonno, mas sempre o aceitarei como se fosse meu nipote. – E lhe deu um abraço caloroso. – Cuide de ti mesmo e de teu cugino. Addio, ragazzo mio.109 – E, com um sorriso e os olhos marejados, Joshua respondeu:
- Addio, mio amato zio.110 – E viu Giácomo ir na direção da mercearia. Foi até Miguel e ajudou-o a levantar-se. – Vamos nessa, Miguel. Vamos para casa. – E, ao invés de irem para a pousada, procuraram uma carroça que pudessem leva-los até a estação mais próxima e, de lá, pegaram o primeiro trem para a capital. Chegaram bem tarde da noite e, sabendo que a caminhada era longa, mas que não tinham nada a perder, começaram a andar na direção do canal que os levaria até o clube de golfe, novamente. No caminho para o clube, nada foi falado ou conversado. Em determinado momento, pois os calçados não eram próprios para caminhada, tiraram os sapatos e as meias e sentiram o chão frio de pedras. A Longa andança cansou Joshua, mas o preparo físico de Miguel o deixou bem.
Miguel estava taciturno, diferente. Joshua chegou a fazer alguns comentários na intenção de puxar um assunto, mas Miguel somente sabia responder monossilabicamente. No canal, quando chegaram, já era madrugada, e não viram nenhum sinal de pessoas. Pegaram uma pequena jangada que estava enlaçada e, então Miguel começou a remar, na direção do mangue que ficava atrás do clube. Ao desembarcarem, tentaram caminhar em silêncio, para não despertar os vigias do clube. À distância, viram um brilho fantasmagórico no local que deveriam ter chegado e foram até ele, ouvindo alguém chamando à distância. Ignoraram o chamado e, ao chegarem no brilho, o tocaram e sentiram um puxão no centro do corpo e, quando virão, estavam vomitando na sala do Interportal:
- E então, como foi? – Questionou Fred assim que os viu. Miguel o olhou de uma forma que parecia odiá-lo. Se dirigiu para Joshua e falou:
- Vou trocar de roupa. – E saiu na direção de onde tinha deixado seus trajes, antes de partir, há três meses atrás. Assim que ele saiu, Fred dirigiu-se unicamente à seu aluno:
- O que aconteceu com ele?
- O que eu sabia que aconteceria, infelizmente. – Respondeu Joshua. – Ele apaixonou-se pela nossa tia Minerva.
- Como você sabia que isso ia acontecer, Joshua? – Perguntou Fred, com espanto.
- Antes de partirmos, contei ao meu tio-avô sobre nossa aventura em Aiarp e ele não perguntou nada e nem ficou assustado, somente dizendo, “então já aconteceu”. Eu fiquei abismado com aquilo e então ele me contou sobre nossa passagem pelo tempo em que ele e nonno Giancarlo haviam chegado ao Brasil, foram ajudados por nós e do amor arrebatador entre Miguel e tia Minerva.
Sério, professor, tentei evitar tudo, mas era como imaginávamos. O tempo não pode ser mudado. Tudo o que tinha que acontecer, aconteceu.
- Quando me contou sobre essa viagem e o que poderia ocorrer, eu já suspeitava dessa influência no tempo. Não há como modificar o que já existe, somente deixar acontecer. – Refletiu Fred. Nesse momento, Miguel saiu do quarto, segurando as roupas que tinha chegado até ali e entregou a Joshua:
- Queime-as. – Pontuou. – Tô indo nessa. Tem problema?
- Não Miguel. – Disse Joshua. – Vai nessa. Nos falamos depois. – E Miguel saiu dali com o dia já raiando. Joshua olhou para seu professor e falou que ia se mudar e dirigiu-se ao escritório, onde havia deixado suas roupas.
No dia seguinte, Miguel acordou tarde e perdeu a hora da universidade. Sua mãe falou com ele que havia ouvido um choro de seu quarto e ele respondeu que não era nada, que estava tudo bem. Tomou café e saiu para correr. Quando chegou da corrida viu um carro vermelho escuro parado na frente de sua casa. Assim que entrava, ouviu um burburinho na sala, era a voz de sua mãe, que parecia animada, e de outra pessoa, que ele não reconheceu:
- Miguel, é você? – Perguntou sua mãe. Ele então foi na direção da voz dela e se deparou com uma senhora sentada na sala. Os cabelos dessa senhora eram uma mistura de preto com prateado. Batiam nos ombros. Seu semblante era de uma pessoa que envelhecera bem, com poucas rugas, mas bem bronzeada. Miguel, apesar da idade na aparência daquela mulher, a reconheceu:
- Miguel, essa é minha zia Minerva. – Disse sua mãe, animada. – Eu falei dela com você. É professora de idiomas e ajudou babbo a aprender português. Viajou – e ainda viaja – pelo mundo e montou uma escola de idiomas aqui, ensinando inglês e italiano, além de ajudar italianos a aprender português. – Minerva foi em direção à Miguel e disse:
- Ciao, bel ragazzo italiano.101 – Aquilo fez com que Miguel arregalasse os olhos de espanto. Ele ficou sem ação, até que sua mãe disse, toda feliz:
- Nossa, eu tinha até esquecido disso. – Se virou para Miguel. - Logo que você nasceu, zia Minerva foi-nos visitar na maternidade e disse exatamente isso. Que bom que está aqui, zia. Quanto tempo pretende ficar?
- Não muito. – Ela disse. Se virou para Miguel. – Miguel? Aprendeste o italiano devidamente? – Novamente ele ficara boquiaberto e sem reposta, deixando sua mãe falar por ele:
- Ah sim, zia. Babbo ensinou a ele, muito a contragosto. Queria somente ensinar o filho de meu irmão, mas Miguel conseguiu convencê-lo. – Minerva sorria, mas não tirava o olho de Miguel:
- Cassandra, minha querida. – Disse Minerva à mãe de Miguel. – Poderia me trazer uma xicara de café e alguma coisa para comer. Odeio comida de avião e não comi nada até o momento.
- Lógico, zia. – Respondeu a mãe de Miguel. – Meu querido, faça sala para zia Minerva, por favor. – Miguel somente balançou a cabeça, olhando para Minerva. Eles se sentaram na mesma poltrona, e Minerva falou:
- I missed you. Dreamed of me?102 – Miguel agiu sem pensar e abraçou a Minerva.
- Sim. – falou-lhe ao pé do ouvido. – Senti sua falta e sonhei com você. – Ao sair do abraço, olhou na direção da cozinha e, aos cochichos disse. – Como sabia quando tínhamos voltado? ‘Cê tem uma bola de cristal ou algo assim? – Minerva sorriu.
- Não. – Terminou dizendo. – Há uns dias atrás entrei em contato com a universidade que você e Joshua estudam e falei com o professor de Joshua, Fred – achou eu –, e pedi que me informasse quando vocês retornassem da viagem que estavam fazendo. Falei que era tia de ambos e ele prometeu que me diria quando chegariam. Ontem, de madrugada, recebi uma mensagem eletrônica desse professor, dizendo que vocês haviam chegado. Então me preparei e vim visita-lo. Faz tanto tempo, il mio bel ragazzo italiano.103
- Isso é loucura. – Colocou Miguel, se levantando e indo na direção contrária à dela. – Eu queria poder beija-la, mas não seria certo, não agora. – Minerva se levantou e foi na direção dele.
- Sim, eu sei. – Tocou-o no ombro. – Não seria adequado fazermos isso, mesmo que desejemos. Naquela época, naquele pequeno vilarejo, ainda não éramos tia e sobrinho, mas agora. Como eu prometera, vivi uma vida maravilhosa, Miguel, e nunca o esqueci. Nunca deixei de ama-lo, nenhum momento. Preferi não me casar, mas vivenciei muitas coisas. Minha vida foi plena e maravilhosa, da melhor forma que pude vive-la. Você é jovem, e lindo. Fiquei sabendo de suas aventuras com as amigas de uma de suas primas e, a cada uma dessas suas vivências, senti uma pontada de ciúmes, mas tinha ciência que era uma outra vida, sua primeira vida. Agora você retornou e, com certeza, és uma outra pessoa. Essa eu chamo de sua segunda vida, uma vida com uma nova experiência, uma nova vivência. Não se negue a nada, Miguel. Apaixone-se, ame – se for possível –, pois tu és um lindo homem, tanto por fora, quanto por dentro, e merece a felicidade que a vida lhe trará. Amore mio, ti amo davvero. – E tomou o rosto de Miguel entre as mãos, baixando-o sua testa a altura de seus lábios e, carinhosamente, o beijou. Ele sentiu uma gota pingar em sua testa e sabia que Minerva chorava, pois ele também estava com lágrimas nos olhos. Quando olhou novamente nos olhos dela, Minerva enxugava as lágrimas. – Faça-me um favor, diga a sua mãe que não poderei aguardar. – Mas, antes que ela pudesse sair, Miguel segurou delicadamente em sua mão:
- Por favor, não vá. – Ele falou. – Eu não vivi uma vida com você, mas gostaria de conhecer essa vida que você viveu. – Minerva sorriu e, de mãos dadas com Miguel, seguiram para tomar café com a mãe de Miguel.

Traduções (via Google Tradutor):


73 – O que está fazendo?

74 – O que houve, jovem Miguel?
75 - Sinceramente, Giancarlo, não é nada que possa lhe interessar. [...] Você demonstra um tremendo desprezo pelo meu primo e está interessado em mim. Com licença!
76 - Mas isso é forma de se tratar uma pessoa que se preocupa com ele?
77 - Com licença minha irmã, senhor Giancarlo, mas o Miguel está chateado com outra coisa. Desculpe.
78 – Jovem (...)
79 – O que vocês pensam que estão fazendo?
80 – Babbo precisa saber como Giancarlo o tratou. (...) - Ele não pode destratá-lo, criando um pré conceito com sua pessoa.
81 – Olha, eu entendo sua preocupação e agradeço, Minerva, mas mesmo que você explique ao seu pai as ações preconceituosas de Giancarlo, ele não mudará.
82 – Mas ele está andando com minha irmã. (...) - Babbo sempre disse que, não importa as diferenças, devemos tratar todos iguais, pois não conhecemos o amanhã.
83 – Perdoe-me, jovem Miguel, mas vou levar minha filha para casa. Não era para ela estar na rua, principalmente por ser uma moça de família.
84 – Nossa (...) intensos (...) Agora (...) preço acessível.
85 – (...) nosso pai (...) arrendado (...) por dinheiro (...) Casa de câmbio (...) nossa atividade (...) meu irmão (...) eu (...).
86 - Perdoe-me, jovem Miguel. Bom dia para você.
87 - Será um prazer tê-lo para o almoço.
88 - desaparecido
89 - Olá senhoritas. Como estão nesta manhã?
90 – Senti saudades de você. Sonhou comigo?
91 – Rapaz Miguel, você sabe onde eu poderia encontrar o jovem Giancarlo?
92 – Rapaz Josué, eu gostaria de pedir desculpas pela forma com tratei você.
93 - Você entendeu tudo que ele disse e está fazendo essa cara de paisagem de propósito, não é?
94 – Cara de paisagem?
95 – Que não entendeu nada.
96 – Olhe, sua irmã está rindo de mim.
97 – Eu aceito suas desculpas.
98 – O que ele quis dizer?
99 – Que ele tem um puta cérebro nessa cabeça pequena.
100 – surpreso.
101 – sobrinho-neto.
102 – (...) esperando por nós. Vamos cear, moços e moças.
103 - Não entendi (...) mas não me lembro (...) família (...) jovem (...).
104 – (...) podes trazer (...) almoço para italianos, indianos (...).
105 – (...) meu irmão (...) conhecê-las. (...) meus convidados. (...) não terá minha presença, entendeu. (...) festa de casamento?
106 - Me perdoem (...) em português. (...) uma excelente professora, mas (...) difícil falar (...) porque (...) senhor (...) as tradições que temos como um pilar de nossa sociedade (...) em casamento.
107 – Miguel, meu amor, te amo mesmo (...)
108 – “O amor a tudo vence, o amor a tudo suporta”.
109 – Adeus, meu menino.
100 – Adeus, meu tio amado.
101 – Olá, belo rapaz italiano.
102 – Senti sua falta. Sonhou comigo?
103 – (...) meu belo rapaz italiano.
104 – Meu amor, te amo mesmo.

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