Bem, demorei mais tempo do que esperava para terminar a segunda parte de Em Busca do Conhecimento.
Muitas coisas aconteceram para essa demora acontecer, mas eu terminei tem dois anos, mais exatamente em julho de 2017.
Bem, tarda, mas não falha e publico AGORA a quinta parte do Segundo Capítulo de Em Busca do Conhecimento, Prole. Espero que gostem como eu!
Mas, lógico, antes de lerem essa parte, leaim a primeira, a segunda, a terceira e a quarta parte de Prole, a terceira parte de Em Busca do Conhecimento.
Enquanto ambos pensavam na atual situação que
vivenciavam, na casa da família de Minerva, Joshua estava ansioso com o primo
ter saído com ela, então Giácomo se aproximou, falando baixo com ele:
- Giancarlo está distraído com Sr. Enéias, quer
sair? – Na ansiedade, Joshua somente balança a cabeça afirmativamente, e os
dois saem. Do lado de fora, Giácomo volta a falar. – Tu parecias que explodiria,
precisava te tirar de lá...
- É o Miguel. – esbravejou Joshua. – Ele sabe o que
está em risco aqui.
- E o que está em risco? – Perguntou Giácomo
intrigado. Então Joshua olhou espantado percebendo que poderia terminar
estragando tudo.
- Hã... Não, nada. Sabe, melhor é irmos tomar um refresco
na mercearia. – E seguiram para o local. Ao chegarem lá, se depararam com
grupos de pessoas sentadas nas mesas, conversando e bebendo, que observaram os
estrangeiros que chegavam e entravam. Joshua não tinha costume de beber bebidas
alcoólicas, nem mesmo refrescos gaseificados, então pediu um suco enquanto
Giácomo se servia de um copo de grappa,
quando repararam que duas pessoas entravam na cantina. Eram a moça índia e um
senhor mais velho, que ela acompanhava, que talvez fosse seu pai ou avô, mas
Joshua já o imaginou como seu marido:
- Mas se não é a jovem rapariga que vimos mais
cedo. – Argumentou Giácomo.
- Melhor deixarmos para lá, aquele pode ser o
marido dela. – Respondeu Joshua, desviando o olhar.
- Será mesmo? – Giácomo se aproximou dos dois. –
Boa tarde para vós. Chamo-me Giácomo. – Os nativos o encararam. – Vós sois
próprios desta terra, decerto? Sabem falar à língua que me utilizo?
- Tens bastantes perguntas, mas para ambas a
resposta é sim e pelo que vejo não é daqui, senhor... – falou o homem mais
velho.
- Giácomo, meu nobre senhor, e tens razão em tua
afirmação. Venho do estrangeiro, da Itália.
- Então é como a maioria que habita esta vila, como
o senhor Adriano ali, que cuida deste armazém. Chamo-me Irani e esta é minha
sobrinha, Bianca.
- Parece um nome incomum para uma jovem índia. –
Argumentou Giácomo.
- Estamos em tempos diferentes, meu bom senhor. –
argumentou o Irani. Giácomo ergueu a mão para cumprimentar a jovem. –
Cumprimente o moço, Bianca. – Ela estendeu o braço e timidamente o
cumprimentou:
- Olá! – Ela disse, com uma voz fraca e por trás de
um sorriso acanhado.
- Perdoai-me pelos meus modos, mas onde estão os
pais dela?
- É uma triste história, meu jovem, a mãe dela
faleceu após o parto que a concebeu neste mundo, e o pai seguiu-a no ano
passado, após contrair uma doença trazida pelos colonizadores. Não fora
possível descobrir a cura dentro de nossa tribo e os médicos daqui não puderam
atende-lo a tempo.
- É triste saber de tal fato. Ah, desculpe-me, este
é um amigo... Josué! – Giácomo disse quando Joshua se aproximou dele. Ao olhar
para a jovem índia, Joshua tentou lembrar-se do semblante de sua tia-avó, que
sempre lhe pareceu sereno e agradável, e viu ali exatamente essa aparência
tranquila, dando um sorriso descuidado.
- Por que sorri jovem?
- Perdoai-me, meu bom senhor, é que me lembrei de
uma tia-avó que tenho cujas origens são indígenas, também. – Depois de falar,
Joshua percebera a estupidez que cometera e olhou espantado para Giácomo, que
respondeu com surpresa. – Podei nos dar licença! – E puxou o tio dali de
dentro:
- Então é ela? – Alarmou-se Giácomo.
- Eu não disse isso, somente falei que tinha uma
tia-avó...
- Pensai bem, Joshua, se eu sou o único irmão
daquele que será vosso avô, então está claro que é minha esposa. E pelo sorriso
que deste, com certeza ela é a minha futura companheira. – E sorriu como
tivesse conquistado uma batalha de mentes.
- Do jeito que está falando, está se achando Sherlock Holmes. – Quando ia dar
continuidade a conversa, Joshua viu Miguel acompanhado de Minerva. – Mas que
merda...!
- Olha os modos, rapaz! – Pontuou Giácomo que
acompanhou o olhar de Joshua e vira o mesmo que o seu sobrinho-neto, o casal andava
de mãos dadas. – Mas o que tens demais ali?
- Nada, deixa que eu resolvo. – E deixou o tio-avô
sozinho, indo na direção do primo, que verbalizou o mesmo que Joshua. – What are you doing?73
- Cumprimenta a moça pelo menos, Joshua...
- Como é que é? – Joshua se espantou, pois além do
primo falar o nome verdadeiro dele, verbalizava em português. – Eu não
acredito!
- Ah, qualé, somente você pode vacilar?
- Miguel, o que nós conversamos sobre isso?
- Não finjam que eu não estou aqui. – Argumentou
Minerva. – Perdoai-me Joshua, mas se você pode contar para o Giácomo de onde
vocês vieram, por que seu primo não pode fazer o mesmo comigo? – Joshua passou
as mãos pelo cabelo, agitando-os, depois coçou o pescoço:
- Minerva, você não entende...
- O que eu não entendo? – Ela falou. – Que vocês
não são deste tempo? Que vieram para cá para conhecer esta época e podem voltar
a qualquer momento? – Joshua pensou: “- Ele não falou!”, e olhou pro primo, que
balançou a cabeça e disse:
- Pois é.
- Ok então. – Joshua falou e abaixou a cabeça,
quando a levantou, pediu:
- Minerva, posso falar com meu primo, em
particular?
- Está bem, mas pode ter certeza, Joshua, ninguém
mais saberá. Também não sei se acreditariam em mim... – Ela então foi numa
direção, enquanto Joshua e Miguel foram noutra:
- O que você falou? – Questionou Joshua.
- Nada, sendo que ela tava desconfiada que fossemos
parentes do nonno e do tio Giácomo, mas consegui ludibriá-la. Tudo que ela sabe
é que somos do futuro e que ‘cê tem uma namorada noutra dimensão. – Mencionou
Miguel.
- Você falou isso? – Perguntou Joshua, meio
constrangido, mas preferiu não ouvir a resposta e continuou. – Miguel, você
sabe que isso não vai dar certo, pois teremos de voltar em breve para o nosso
tempo. Isso pode ser um grande erro...
- Mas tinha de rolar, não é? – Taxou Miguel.
- Como assim? – Indagou Joshua.
- Cara, tu não lembra da história? Nonno se
aborrece com o cara que os ajudou, pois ele abandona Tia Minerva...
- E você acha isso certo? – Replicou Joshua
impaciente. Miguel pareceu refletir sobre o que o primo dissera, daí bateu na
própria testa fazendo um grande estrondo.
- Putz, como sou burro! Carai, sou eu que vou
chatear a tia Minerva! Fudeu! – Depois pareceu que iria arrancar o pouco cabelo
que tinha. – Pra piorar, to achando que to gostando dela.
- Então a coisa está bem pior do que nós esperávamos.
– falou Joshua, cansadamente. – Isso não vai acabar bem. Ambos seguiram na
direção de Minerva, que percebeu a aflição deles:
- O que tu falaste para ele, Joshua? – Percebendo
que Minerva estava a ponto de discutir com Joshua, Miguel a puxou:
- Depois nos falamos. – Ele disse para o primo,
saindo dali com a jovem.
- O que ele lhe disse? Tu estás com semblante
alarmado. – Ela colocou, assim que tomaram uma boa distância.
- Não foi nada, só que ele me fez perceber que eu
posso estar cometendo um tremendo erro.
- Mas não tem nada de errado nos nossos
sentimentos, Miguel. – Minerva estava alarmada. – Eu sei que pode não ser para
sempre, mas porque não podemos aproveitar enquanto tu estás aqui? O que há de
mal? – Miguel gostava daquilo, pois nunca havia visto uma mulher tão forte como
Minerva, mas sabia o que seria o resultado da relação de ambos.
- ‘Cê não tem ideia do que vai acontecer... ou
melhor, do que está acontecendo. Eu tô gostando mesmo de você, Minerva, mas
isso não é certo... – A cabeça de Miguel parecia embaralhada, pois conhecia a
verdade do resultaria aquela relação, mas não queria desistir dela facilmente.
Enquanto Miguel e Minerva continuavam a conversa,
Joshua retornou à mercearia, e lá se deparou com Giácomo sentado em uma mesa
com Irani e Bianca. Achou melhor não atrapalhar, mas ouviu a voz de seu tio-avô
lhe chamando:
- Jovem Josué, aproxima-te para estar a conversar
com nós. – Então Joshua foi na direção deles. – E então, a donde está o teu
primo Miguel e a jovem Minerva.
- Estão a conversar sobre outros assuntos dos quais
não tenho conhecimento. – Disse numa voz entristecida, pois sabia que nada de
bom poderia sair daquela conversa.
Miguel e Minerva se sentaram em um banco na praça
central da cidade:
- O que vocês ainda está me escondendo, Miguel. –
questionou Minerva. – Sei que ainda existem coisas que não quer me contar.
Sabe, não sei se consigo confiar que vocês só estão ajudando Giácomo e
Giancarlo... – mas antes dela continuar, apareceram Diana, acompanhada de
Giancarlo:
- Você não disse que iria ver sua amiga, Minerva? –
Arguiu Diana, enquanto Giancarlo se dirigiu à Miguel, perguntando-lhe:
- Che cosa è, giovane Miguel? 74
- Onestamente, Giancarlo, non è tutto ciò che può interessarvi. –
Miguel encontrava-se extremamente estressado com tudo, e como sua maior raiva
era a forma como seu avô havia tratado Joshua, ele descontou tudo em Giancarlo.
- Si mostrano un disprezzo enorme per mia
cugina ed è interessato a me. Mi scusi! 75
Miguel saiu andando, depois de trombar propositalmente
em Giancarlo, quase derrubando-o. Diana ficou chateada com a atitude de Miguel:
- Ma questo è
un modo di trattare una persona che si prende cura di lui?76 –
Ela falou, para que Giancarlo entendesse, e teve uma resposta imediata de
Minerva:
- Scusami, sorella mia, signor Giancarlo, ma Miguel è arrabbiato per
qualcos'altro. Scusi.77 – e foi atrás de Miguel. Assim que o alcançou,
ofegante, disse:
- Você anda bem rápido. – tentou amenizar a situação,
mas percebeu a tensão no rosto. – Miguel...
- Minerva, pare de me questionar, caramba. – Ele
estava irado. Sua cabeça parecia que ia explodir. Ele olhou para ela que estava
assustada com a reação dele, então buscou se acalmar e em um tom mais apaziguado,
disse:
– Olha, me desculpa, mas em tão pouco tempo eu
nunca tive um sentimento tão bom por alguém, e o problema disso é que eu não
poderia sentir isso, pois somos muito distantes, e com vidas muito diferentes.
Já vi o que aconteceu com meu primo quando ele teve de deixar Aiarp e... – ela
colocou um dedo sobre os lábios dele.
- Deixe-me lhe dizer uma coisa, Miguel. Eu não sei
o que vai acontecer amanhã ou daqui há dez dias ou dez anos, mas eu também
nunca me importei com isso. Eu sempre vivo cada dia de cada vez. Meus pais
sempre me acharam estranha, pois eu costumo querer coisas e fazer coisas que
outras raparigas de minha idade não estão acostumadas a fazer. Minha sorella quer se casar, ter filhos,
constituir uma família, enquanto eu pretendo exercer uma profissão, deixando o
casamento para segundo plano. Se amanhã eu e você não estivermos juntos, pelo
menos vivemos estes momentos juntos. – Miguel estava sem palavras. A força que
percebera antes em Minerva, voltara como nunca, fazendo-o esquecer de tudo. Ele
queria estar longe dali, com ela, sem ninguém para atrapalhá-los, nem mesmo
Joshua.
Enquanto isso, Joshua dividia mesa com seu tio-avô,
e percebeu tudo que acontecia na praça, perdendo a concentração da conversa na
mesa:
- Josué? – Ele ouviu e era Giácomo lhe chamando a
atenção, fazendo-o perceber que estava totalmente ausente da conversa:
- O quê? – Disse, demonstrando a distração. – Me
perdoem a distração, mas estava a cá a observar a praça. Teu irmão estava lá há
poucos momentos atrás, Giácomo. Será que está a sua procura?
- Acho que é improvável. – Argumentou Giácomo, não
prolongando o assunto. – Eu estava a cá a conversar com o Sr. Irani sobre suas
origens e ele disse que tua árvore advém dos aimorés, como os portugueses os
chamara quando a cá vieram para colonizar. Diz ele que parte dos costumes
precisaram ser alterados, como o uso dos botoques, adornos que usavam nos
lábios e nas orelhas, para não causarem sustos aos colonos que vieram para esta
região. Aderiram as religiões locais, frequentando igrejas, e negociam
alimentos e costumes agrícolas com aqueles que aqui chegam. Fantástico, não? –
Joshua, ouvira a tudo desta vez, mas sua mente ainda mantinha-se concentrada no
que estava acontecendo com seu primo e sua tia-avó. Era insensato para ele, mas
sabia que não tinha como fazer alguma coisa, até o anoitecer.
Na praça, Miguel e Minerva haviam se sentado
novamente, pois Giancarlo e Diana já haviam ido embora:
- Por que agiu daquela forma com Giancarlo? Pensei
que vocês estavam aqui para ajudar a ele e ao irmão dele.
- Sim, tem razão, mas foi ele que começou tratando
meu primo muito mal. Se fosse menos arrogante e prepotente, eu não o trataria
daquele jeito.
- Quer me contar o que houve? – Disse Minerva,
calmamente, percebendo o quão alterado Miguel ficara, e esperando que aquilo o
fizesse se acalmar. Mesmo ainda tenso, Miguel olhou nos olhos de Minerva e
reparou em algo que não havia percebido antes, eles tinham uma tonalidade
acinzentada:
- Seus olhos são lindos. – Se viu pronunciando em
voz alta, fazendo-a sorrir.
- Meu babbo me disse que eu tinhas enormes olhos de
coruja, por isso deu-me o nome de Minerva, a deusa romana da sabedoria. – ela
argumentou. – Ele sempre foi muito ligado a mitologia, gosta muito das
histórias. – ela fez uma pausa. – Você está prestando atenção em alguma coisa que
estou falando? – ela disse, sorrindo, e Miguel pareceu acordar de um
maravilhoso sonho. – Então, você quer me dizer o que aconteceu?
Colocando a cabeça no lugar, Miguel explicou que
sua atitude tinha a ver com a forma que Giancarlo havia tratado seu primo desde
que eles se encontraram. Ao fim da explicação, Minerva falou:
- Então Giancarlo destratou vosso primo? – ela
disse, demonstrando perplexidade. – Mas somente por que ele falar português e
não italiano?
- Não é isso. – argumentou Miguel, com a voz
cansada. – O pai do meu primo não é italiano, o que o torna um mestiço (acho
que é essa a palavra) e, de acordo com Giácomo, o irmão dele não vai com a cara
de quem não é purosangue.
-Mas isso é criar um pré conceito de uma pessoa que
ele mal conhece. - comentou Minerva. - Não imaginava que o Giancarlo fosse esse
tipo de pessoa. Babbo precisa saber disso.
Falando de Enéias, ele terminou cruzando o caminho
de Giácomo e Joshua, encontrando-os na mercearia:
- Giovane78 Giácomo, jovem Josué.
Estão a cá a conversar com Irani. - e Enéias o cumprimentou como um amigo bem
antigo. - Adriano, traga um copo de grappa para mim. Então qual o
proseado de vocês?
- Estava a cá a questionar Irani a respeito de
terras para adquirir. - argumentou Giácomo. - Estou com a intenção de iniciar
uma plantação de algo por essas redondezas.
- Café. - pontuou Enéias. - Esse tipo de plantação
dá-se bem com essas terras. Eu bem que quis iniciar uma plantação, mas devido a
problemas com o abrasivo sol, fico impossibilitado de poder trabalhar com esse
tipo de cousas. Então produzo meu próprio artesanato. Faço pequenas estátuas de
argila que vem da região litorânea, além de trabalhar com cadeiras.
- És um artista, então? - Arguiu Giácomo.
- Quem me dera fosse. Sou somente um homem que
gosta de manter as mãos ocupadas com um ofício. - colocou Enéias e reparou em
Joshua. - O, meu jovem, tu pareces que desmaiará em breve. Passa algo contigo?
Joshua estava aturdido. Desde que vira Enéias
chegando na mercearia, uma preocupação tomou conta dele, pois sabia que bem
perto dali Miguel e Minerva encontravam-se sentados na praça. Reparando na
palidez do jovem, Giácomo disse:
- O rapaz Josué está assim por causa do que ocorre
na praça. - Os olhos de Joshua arregalaram-se. Enéias virou-se e viu sua filha
mais velha com Miguel e respirou profundamente, soltando o vento com um certo
desânimo:
- É, minha corujinha
sempre foi a frente no tempo. - Ele colocou. - Desde que nascera, percebi que
não seria uma moçoila como as outras. Foi crescendo e demonstrando uma
indiferença com determinados costumes. Contei-lhes do inglês. - Ele pontuou. -
Enquanto Diana preocupa-se com os afazeres da casa, Minerva quer o mundo. Quem
sabe, quando esta guerra passar não a mando para Parma. De lá, ela poderá
conhecer a Europa. Quem sabe? - Naquele instante, Minerva vinha da praça
determinada, pois vira o pai sentado na mesa com Irani, Bianca, Joshua e
Giácomo:
- Babbo, scusi,
mas preciso lhe falar sobre Giancarlo. - Ela parecia aborrecida e Joshua, que
já estava de olhos arregalados, levantou-se e ficou em riste. Numa reação
determinada, sem falar nada, puxou Miguel e Minerva para longe dali. Ela
protestava, mas em um tom mais baixo, Joshua arguiu, em inglês:
- What do you think you're doing?79
- Babbo needs to know how Giancarlo
treated him. - Respondeu Minerva, consternada. - He can't disown you, create a pre
concept with your person.80 - Respirando fundo, mas ainda em um tom mais
baixo, Joshua falou:
- Look, I understand your concern and
thank you, Minerva, but even if you come to explain to your father about
Giancarlo's prejudiced actions, it will not change him.81 - Colocou Joshua.
- But he is walking with my sorella. -
Respondeu Minerva. - Babbo
has always said that no matter the differences, we must treat everyone alike,
because we do not know tomorrow.82 - Nesse interim, Enéias
veio na direção deles:
- Meu rapaz, isso é forma
de agir com uma moça? - Argumentou Enéias, com rigidez. - Mesmo que mia
figlia seja uma moçoila bem independente, existem modos para tratá-la. -
Aparentando aborrecido, Enéias pegou na mão de Minerva e falou com Miguel. - Perdonami, giovane Miguel, ma porterò
mia figlia a casa. Non era per lei essere per strada, soprattutto perché era
una ragazza di famiglia.83
- E saíram na direção de sua casa. - Joshua e Miguel ficaram surpresos com a
ação imediatista do bisavô, pois sempre ouviram deu avô e tio que ele era um
homem ponderado e calmo. Quando tomaram uma certa distância, Joshua se virou
para Miguel para pedir desculpas, mas este logo disse:
- Carai, isso que foi raciocínio
rápido. Tu falou em inglês antes mesmo de eu pensar em entender. - Joshua ficou
surpreso com a atitude do primo:
- Não está aborrecido comigo? -
Questionou Joshua.
- Por que estaria? - arguiu Miguel. -
Só porque 'cê afastou a gente do bisa e do tio Giácomo? 'Cê fez o certo. Ia ser
a maior encrenca esse lance da Minerva com o nonno. Desnecessário. - Mas
depois veio um tapa na nuca de Joshua:
- Ei. Se não está aborrecido, por que
me bateu? - perguntou Joshua, esfregando a parte de trás do pescoço.
- Por causa dessa sua ideia de girico
de vir pra cá. A gente sabia que Min... puta que pariu... que a tia Minerva se
apaixonaria pelo cara que ajudou o nonno e do tio Giácomo. Na hora que
começamos a perceber que este cara era eu, deveríamos ter voltado. - Encabulado,
Joshua disse:
- Eu percebi. - Miguel parecia
revoltado. - 'Pera, 'pera... não havíamos como mudar isso. Lembra o que falamos
a respeito dos acontecimentos?
-Lembro. Aquele lance de que se você
estava lá, era porque tinha de acontecer e todo o blá, blá, blá chato que você
e o Fred tiveram depois que falei do filme. - Pontuou Miguel. - Mas desde
quando você sabia, exatamente?
-Descobri somente depois que você
começou a falar com o nonno e tio Giácomo. - Joshua percebeu um olhar
perdigueiro de Miguel para ele. - Juro por tudo que é mais sagrado em minha
vida. Naquele momento eu liguei os pontos. Tentei e fiz de tudo para tentar
mudar, mas já estava feito, nós estávamos participando da formação de nossa
família.
-Bem, se é para ser assim, que seja.
- Falou Miguel, decepcionado. Naquele momento, Giácomo veio na direção dos
dois:
-Wow, vocês dois são bem... intensi.
- Giácomo falou, de forma exarcebada. - Ora, eu conversei com o nativo,
Irani, e ele me disse que consigo comprar terras por a cá. Ele tem contatos que
falará para que eu possa comprar por um... prezzo accessibile84.
-Mas seu irmão vai concordar com
isso? - Arguiu Joshua.
-Jovem Josué, nostro padre foi
bem generoso para conosco. Ele... affittato suas terras e, depois de
trocar per denaro em uma... cambio valuta, nos
deu o suficiente para podermos dar início em nostra attività, tanto para
mim quanto para mio fratello. Não faço ideia de como Giarcarlo vai usar
a parte dele, mas ho vou trabalhar na lavoura85. - pontuou.
Com tantas idas e vindas daquele dia, Joshua estava cansado e falou com Miguel
para retornarem à pousada, pois queria descansar após aquele dia agitado.
Miguel ainda pensou em retornar à casa de Enéias, para voltar a ver Minerva -
seu coração tinha sido arrebatado pelo sentimento com a jovem -, mas ponderou
sobre a situação e decidiu acompanhar o primo. Eles se despediram de Giácomo,
que retornou para a casa de Enéias, e foram para pousada.
No dia seguinte, Miguel e
Joshua foram, receosos, até a casa de Enéias. Quando chegaram lá, foram
recepcionados por Ceres, que os recebeu com animação:
-Rapazes, que prazer
revê-los. - ela iniciou em português, mas lembrou que Miguel – fingia - não
entendia a língua nativa. - Perdonami, giovane Miguel. Buon giorno a voi.86
Bom dia para você também, jovem Josué. Tomam café? - Ambos sorriram para a bisnonna,
que esbanjava a generosidade que tantos ouviram falar.
-Sou muito agradecido,
minha senhora, - falou Joshua. - mas devo recusar. Viemos falar com o senhor
seu esposo, ele encontra-se?
-Ah sim, ele está ao
fundo da casa, a trabalhar, consertando uma cadeira do signori
Ventoruzzo. Adentrem e podem ir até lá - Ela gracejou com um extenso sorriso no
rosto. Joshua e Miguel passaram pela sala, onde a mesa estava posta do café da
manhã, mas não tinha ninguém nela. "Ou já tomaram café ou nem acordaram
ainda, o que eu duvido muito", pensou Joshua, enquanto Miguel só pensava
se cruzaria o caminho com Minerva e isso o assustava, ao mesmo tempo que deixava
extasiado, se tornando uma miríade de sentimentos internos. Percebendo a
aflição do primo, pois haviam conversado mais, na pousada, a respeito da
situação de Miguel e Minerva, em um tom sussurrado, Joshua falou:
-Vai dar tudo certo,
Miguel. Não fique aflito antes do tempo. - Antes que Miguel pudesse responder,
eles chegaram à oficina de Enéias e o viram sentado em um banco, trabalhando no
tracejado de uma cadeira de palhinha. Percebendo a chegada dos dois jovens,
Enéias virou-se para eles e levantou-se, mas antes que Joshua pudesse falar
qualquer coisa, ele disse:
-Rapaz Josué, peço-lhe
mil desculpas pela minha atitude com vosmecê ontem. Quando vi a forma que
puxaste minha ragazza, perdi o brio e me enervei em demasia contigo.
Minerva me explicou a situação, dessa forma lhe peço desculpa. - Ao ouvir a
justificativa do bisavô, Miguel tentou controlar-se – pois ainda estava
fingindo que não entendia nada –, enquanto Joshua questionou:
-Mas qual justificativa
ela disse ao senhor? - Enéias olhou para Miguel e falou:
-Seria tão mais fácil uma
conversa se ambos soubessem italiano ou português. - então continuou. - Bene,
ela me falou sobre a forma como giovane Giancarlo lhe destratou, somente
porque é um nativo dessa terra, um miscigenado de duas culturas distintas.
Sinceramente, eu já percebera a atitude do rapaz, mas também percebi que mia
figlia maggiore se apessoou com ele. Entenda, eu tenho due figlie e
preciso casá-las com rapazes que elas venham a gostar. Não posso empurrá-las em
casamentos que não lhes trarão a felicidade, pois tenho enorme apreço pelo que
faz bem a ambas. Capisce? - Miguel demonstrava uma imparcialidade, como
se não entendesse uma palavra do que fora falado. Mas quando seu bisavô falou
sobre a felicidade de suas filhas, algo o corroeu por dentro como ácido, pois
já pensava na tristeza que ficaria Minerva, após sua partida. Como estava
prestando atenção no que seu bisavô falava, Joshua terminou não reparando no
abatimento de seu primo. Compactuando com o que Enéias falou, Joshua balançou a
cabeça, cumprimentou o bisavô e olhou para Miguel, reparando no semblante do
primo. Este ergueu o braço, de forma automática e cumprimentou Enéias. Ao
passarem pela sala, viram que já havia sido retirada por Ceres. Ela veio se
despedir deles:
- Meus jovens, depois
venham almoçar conosco. Farei um spaghetti alla putanesca. - E dirigiu-se a
Miguel. - Sarà um piacere avervi per il pranzo.87 - De forma
automática, Miguel assentiu.
Quando haviam tomado uma
certa distância da casa, chegando perto da praça, Miguel sentou e fala de forma
consternada e irada:
- Mas que merda que eu
fiz? - Levantou a cabeça e olhou para Joshua. - Por que você me colocou nessa
porra de roubada, Joshua? Eu vou destruir nossa tia. Eu vou ser o culpado dela
se tornar uma solteirona...
- Ei, calma. - Disse
Joshua tentando apaziguar a ira do primo. - Nunca falei que tia Minerva
tornou-se uma solteirona.
- Mas nonno falava
isso. Que tia Minerva era uma solteirona que não queria amar ninguém. Que tudo
era culpa do italiano que a largou sozinha. Esse sou eu... - Miguel segurava os
cabelos, parecendo que ia arrancá-los com as mãos.
- Peraí. - Retrucou
Joshua. - Eu posso não ter conhecido tia Minerva tão bem quanto você, mas eu
sei que nonna me contou. Ela gostava de viajar. Chegou a ir à Europa,
estudou em uma faculdade na Itália, morou na França, visitou a Grécia, o Egito,
a Alemanha Ocidental – na época - e conheceu Austrália. Ela viveu a vida dela,
mesmo que tivesse amado somente um homem, o scomparso88, como
nonna o chamava. Acho que significa desaparecido
Ao ouvir as palavras de
Joshua, Miguel melhorara o semblante. Ele tinha ouvido essa mesma história da
avó, sobre o scomparso que fora o único amor da tia Minerva. Ela amara
somente a ele e mais ninguém:
- Por que não me contou
isso antes? - Perguntou Miguel, com uma entonação mais animada.
- Porque pensei que você
lembra-se. - Respondeu Joshua, Naquele momento surgiu Giácomo, acompanhado de
Irani e Bianca.
- Rapaz Josué e rapaz
Miguel, como passaram à noite? - cumprimentou Giácomo.
-Tudo ótimo, Giácomo.
Passamos na casa do Sr. Enéias, mas não o encontramos lá, nem você e nem seu
irmão. - argumentou Joshua.
-Ah sim, eu despertei com
os galos. Vim até a cantina para encontrar Irani e Bianca e fomos até o senhor
que mi venderà as terras. - Chegou
mais perto de Joshua, e falou-lhe ao pé do ouvido. - Posso trocar um dedo de
prosa com vosmecê? - Depois dirigiu-se a Irani, Bianca e Miguel. - Com as
vossas licenças, vou trocar um teco de palavras com meu amigo Josué. - E
retiraram-se para o outro canto da praça:
- Rapaz Joshua, estou a
me entusiasmar pela bela Bianca. - Giácomo falou aos cochichos. - Mas
preocupa-me mio fratello. Ele nunca aceitaria uma sorella nativa
dessa terra.
- E o que importa o que
seu irmão aceita ou não, Giácomo. - argumentou Joshua, decidido. - Você já
encarou uma relação com uma portuguesa no passado e ele demonstrou ser contra,
também. Isso te impediu de gostar dela? De conviver com ela? Quem faz sua vida
é você e não seu irmão.
- Tens razão em tuas
palavras, mas tenho somente a ele a cá, nessas terras estrangeiras. Se ele
ficar contra mim, quem eu teria como famiglia? - Pontuou Joshua.
- Você formará sua
própria família, Giácomo. O importante é ser feliz e decidido com suas convicções.
O resto se arranja com o tempo. - Finalizou Joshua. Giácomo assentiu com a
cabeça e sorriu, então ambos voltaram para junto dos outros, que estavam em
silêncio, pois Miguel não sabia se podia falar português:
- Oras, por que mantem-se
mudo, rapaz Miguel. - Miguel olhou para Joshua, como se precisasse de autorização
para soltar a voz e este deu com os ombros e sorriu. - Tens liberdade para
falar, Rapaz Miguel, estamos entre amigos.
- Carai, assim fica
difícil. - Viu o olhar repreendedor de Giácomo. - Tá, foi mal, saiu. O fod...
Ah... o difícil é saber como falar e quando falar. Tá complicado. - Joshua deu
uma risada, tímida. - Tá bom, pode rir, palhação. Aqui, 'cê viu Minerva?
- Ah sim. - Recordou
Giácomo. - Ela e Diana foram à casa de uma vizinha para tricotarem.
- Ah tá. - Respondeu
Miguel. - E suo fratello?
- Giancarlo ficou sabendo
pelo Sr. Eneias que um senhor está querendo vender sua mercearia. É um italiano
que decidiu ir embora para o sul e quer vender o negócio. - Explicou Giácomo.
- Bacana. Bem, vou nessa.
Até mais pra vocês. - Foi na direção de Irani e Bianca, estendendo a mão para
cumprimentá-los. - Foi um prazersão conhecê-los, principalmente você, tia. -
Joshua deu um tapa na própria testa, mas Bianca ficou sem entender nada. Quando
ele já encontrava-se a certa distância, Irani disse:
- Jeito diferente desse
seu primo falar, não? - Joshua teve de raciocinar rápido, mesmo que fosse
impossível pensar em algo que justificasse a atitude de Miguel:
- Ele não é daqui. Veio
do sul para visitar-nos. Lá as pessoas têm trejeitos diferentes com as
palavras. - O raciocínio imediato de Joshua impressionou Giácomo, que balançou
a cabeça afirmativamente.
Nesse interim, Miguel
tentou imaginar onde estaria Minerva, foi quando sentiu um par de mãos mornas e
delicadas buscando tapar seus olhos em uma tentativa quase impossível. Ele
segurou ambas mãos pequenas e virou-se, dando de frente com o lindo sorriso de
Minerva e seus olhos griséu. Por pouco não a beijou de imediato e falou em
português, mas percebeu a presença de Diana:
- Ciao, signore, come
stai stamattina?89 - Minerva sorriu e falou com Miguel, em
inglês:
- I missed you.
Dreamed of me?90 - Diana percebeu que a irmã pretendia excluí-la
da conversa e que fora bem íntimo o que falara para Miguel, pois seu rosto
enrubescera:
- Ragazzo, Miguel, sai
dove posso trovare il giovane Giancarlo?91 - Minerva olhou com
espanto para a irmã:
- Não, Diana. Eu lhe
contei que tipo de homem é esse italiano – Ao ouvir aquilo, Miguel precisou
conter-se. - Ele destrata pessoas somente por elas não serem italianos como
ele. Você não deveria... - Antes de concluir o que falava, Diana a interrompeu:
- Mia sorella, eu
entendo sua apreensão, mas quem é a sorella maggiore dessa relação? -
Ela falou, com um sorriso luminoso. - Eu vou tratar de ter uma conversa com
Giarcarlo a respeito dessas atitudes dele, pode deixar. - E deu uma piscadela
para a irmã. - Agora aproveite bem o seu bellissimo ragazzo italiano. -
E saiu, deixando Minerva e Miguel com os rostos roseados e esquentados.
Sentaram-se na praça, de mãos dadas, e começaram a conversar:
- Como você consegue se
controlar entendendo tudo que nós falamos?
- Eu estudo Educação
Física, então entendo bastante sobre perseverança e atitude. - Ele sorriu. -
Aqui, o que 'cê contou pra sua irmã?
- A verdade.
- Qual verdade?
- Que ele destratou vosso
primo de forma pré conceitual, somente por ele não ser un discedente
legittima d'italiano.
- Mas o Joshua pediu...
- O Joshua pode pedir o
que bem desejar, mas não posso suportar uma pessoa ser destratada somente por
causa de suas origens. Não foi assim que meu pai nos ensinou. Hoje... - antes
de Minerva continuar, Miguel deu-lhe um beijo ardente, que somente não viu quem
não olhava para a praça da cidade. Ela correspondeu ao beijo com o mesmo ardor
e ambos ficaram naquele momento durante um tempo considerável, que parecia ter
feito o tempo parar, novamente.
Observando a praça,
próximos a cantina, estavam Joshua, Giácomo, Irani e Bianca. Joshua parecia
apático a situação, forçando Giácomo a questioná-lo:
- Meu caro rapaz, está a
ficar com essa cara de ver o bonde passar. Nada vai dizer sobre o ato de vosso
primo, em praça pública?
- Dizer o quê, Giácomo? -
Arguiu Joshua. - Antes de encontrá-lo, Miguel tomou ciência de um fato que ele
não lembrava e, sinceramente, já cheguei ao ponto de perceber que tudo, todas
as nossas ações nesse período do tempo são factuais, ou seja, o que tiver de
ser, será. - A atitude imparcial de Joshua assustou e espantou Giácomo.
Enquanto isso, na praça, o beijo do casal terminara:
- Preciso lhe confessar
uma coisa. - Falou Miguel. - O sentimento que sinto por você, eu nunca tive por
nenhuma outra pessoa. Tô besta comigo mesmo, pois não tô acostumado com isso.
- Eu também aprecio muito
tua presença, Miguel. Gosto deveras de ti, mas o que eu quero saber é o que
esconde tanto? O que lhe aflige por dentro? - Miguel relembrou o que Joshua lhe
contara sobre Minerva e então pensou, "foda-se":
- Seguinte, vou te contar
tudo. Mas saca só, as coisas que vou te falar agora poderão ser absurdas e fora
do comum, então mantem a cachola fresca.
- Quando você começa a
utilizar essas gírias da tua época, fico perdida. - Disse Minerva. - Mas
prometo que minha atenção estará voltada para ti e somente para ti. - Então
Miguel começo do principio, contando o que já havia contado, mas colocando as partes
que deixara de fora. A história perdurou até o fim do dia. Giácomo e Joshua,
que estavam na cantina, conversando com Irani e aprendendo alguns costumes dos
nativos da região, se despediram do indígena e foram na direção do casal. Vindo
de uma direção diferente, estavam Diana e Giancarlo, que aparentava
contrariado. Quando pararam perto de Miguel e Minerva, que pareciam ter
terminado a conversa, Giancarlo, a contragosto, dirigiu-se a Joshua:
- Ragazzo, Josué, mi
piacerebbe scusarmi per il modo in cui ti ho trattato.92 -
Joshua olhava para a cara de Giancarlo, espantado. Poucos, como Miguel,
conhecem como Joshua é. Como ele vinha convivendo esses dois dias, ouvindo
direto as pessoas falarem a sua volta em italiano, ele começava a assimilar as
palavras e compreender o que falavam, ou seja, ele entendeu uma parte do pedido
de desculpas de Giancarlo, mas não podia perder a oportunidade e fazer uma cara
de que não entendeu nada, forçando Miguel a falar-lhe, em inglês:
- You understand
everything he said and you're doing that poker face on purpose, is not it?93
- Poker face?94
- questionou Minerva.
- Who didn't
understand anything.95 - E Minerva soltou uma risadinha,
consternando Giancarlo:
- Guarda, tua sorella
sta ridendo di me.96 - Aborrecido, parecia que ia partir, quando
veio a resposta de Joshua, entre gaguejos:
- Io ... accetto ...
le tue scuse.97 - E fez o semblante que Miguel mais odiava nele,
que era de sua superioridade intelectual. Todos estavam abismados e perplexos
com aquilo, boquiabertos e espantados de como Joshua articulara em italiano:
- Apesar de gaguejar,
saiu-se molto bene, jovem Josué. - elogiou Giácomo.
- De onde veio isso? -
Questionou Minerva e, sabendo que Miguel não poderia responder, Joshua
articulou:
- Sempre tive facilidade
com idiomas, desde que as ouça constantemente e possa assimila-las, me saio
razoavelmente bem. - Se dirigindo para Miguel, Minerva questionou:
- What did he mean
with this?98 -
No que Miguel respondeu, com um sorriso malicioso:
- That he has a
fucking brain in that little head.99 - Sem palavras e
contrariado, Giancarlo baixou a cabeça e disse, somente:
- Scusa. - E
retirou-se, seguido por Diana que, antes de sair, de um sorriso simpático para
Joshua. Após eles criarem uma certa distância, todos bateram no ombro de Joshua
e o cumprimentaram:
- Meu caro ragazzo, - disse Giácomo, sorridente. –
nunca vi mio sorello ficar tão... stupito100. Então tens
facilidades com idiomas?
- Bem, - Joshua começou a
explicar-se. – o que eu faço é guardar as palavras em minha memória, criando um
tipo de dicionário. Na medida que vou ouvindo-as, novamente, busco assimilá-las
e tento arranhar uma fala. Foi assim que aprendi a falar ao contrário em Aiarp.
- Tu falas da primeira
aventura que tiveram com o tal Interportal? – Questionou Minerva. Joshua olhou
para Miguel e deu um sorriso solidário.
- Pelo jeito Miguel já
lhe contou tudo, mesmo! – Joshua argumentou, sorrindo. – Mas deve ter sido a
versão orelha de livro da história.
- Sim, ele me contou
tudo, great-nephew.101 –
Minerva falou, sorrindo de volta. Giácomo não entendera o que acontecia, mas o
clima parecia mais leve e descontraído, então pontuou:
- Acho que devemos
retirar-nos, pois a sua madre deve
estar aspettarci. Andiamo a cena, giovani
uomini e donne.102 - Enquanto Joshua e Giácomo saíam ombro a
ombro, logo atrás vinham Miguel e Minerva, de mãos dadas.
Após o almoço e uma
sesta, Eneias voltou para a oficina, Giancarlo decidiu sair para conversar com
o dono da mercearia, novamente e, enquanto Minerva e Diana ajudavam sua mãe na
limpeza das louças, Giácomo, Joshua e Miguel foram para cantina, onde sentaram
para conversar:
-
Então vossa inteligência é prodigiosa dessa forma? Uma memória fotográfica. –
Argumentou Giácomo:
-
Pois é, Giácomo. Tem alguém na família que seja CDF assim? – Questionou Miguel.
-
Non capisco o que quer dizer, Miguel, ma non ricordo de ninguém
de nossa famiglia com uma mente tão prodigiosa. Talvez venha de suas
origens paternas, il giovane Joshua.103 – Respondeu Giácomo.
-
Não sei de onde veio, sinceramente. – Colocou Joshua. – Nunca questionei minha
mãe e meu pai quanto a isso. Mas você sempre dizia que eu poderia ter puxado o
lado da nonna, Giácomo, por causa de Minerva... Falando nisso. –
dirigiu-se a Miguel. – Você contou tudo para ela não foi?
-
A versão resumida, mas sim. – Respondeu Miguel. – Contei tudo.
-
Impressiona-me que tu compartilhaste com Minerva todo vosso conhecimento do
futuro, il giovane Miguel, - argumentou Giácomo. – mas vós não
compartilhais comigo.
-
Giácomo, - disse Joshua. – não compartilhamos contigo, pois, ao contrário de Minerva,
com quem temos quase contato nenhum. Eu nunca conheci Minerva antes desses dias
que estamos aqui. E você, Miguel?
-
Também não a conhecia pessoalmente. – Miguel respondeu. - Nonna sempre falava dela, mas nunca a
tinha visto, somente em fotos, como do casamento de nonna e nonno. Ou
nos casamentos de meus pais e tios.
-
Sim. – Lembrou Joshua. – Nas fotos do casamento de meus pais, ela também
estava. Perguntei para minha mãe quem ela era e ela disse que era uma tia que
estava representando a nonna. Na época nem liguei para isso. – Se voltou
para Giácomo. – Entende, Giácomo, você era mais do que uma pessoa nas fotos,
diferente de Minerva.
-
Então eu era somente uma presença nas fotos? – Joshua quase engasga ao ouvir a
voz de Minerva. Na presença da moça, todos levantaram de súbito:
-
Tia... Minerva, – gaguejou Joshua. – a quanto tempo está nos ouvindo?
-
Não o suficiente, pelo que vejo. – Respondeu Minerva. – Bem, rapazes, só vim
até a cá, pois desejo prosear com o jovem Miguel, se nos permitirem. – Giácomo
e Joshua deram um sorriso concedente. Miguel saiu com Minerva e foram sentar na
praça, para conversar mais.
Os
dias seguintes, se passaram de uma forma serena e cotidiana. Miguel e Minerva
passavam o tempo que tinham livres, juntos, pois ele acordava cedo, com Joshua,
para ajudar Giácomo em suas terras recém adquiridas e, às vezes, auxiliava
Giancarlo na mercearia, já que tinham se entendido após o pedido de desculpas.
Mesmo que desse pouca atenção a Joshua, Giancarlo não deixava de
cumprimenta-lo, e Joshua o respondia, com muito prazer, em italiano. Giácomo se
aproximara de Bianca, com o consentimento de Irani, e a cortejava com presentes
e visitando-a em sua aldeia.
Passaram-se
três meses e Giancarlo preparou um almoço, em sua casa, sobre a mercearia – ele
e Giácomo haviam se mudado para lá – convidando a todos, até mesmo Joshua. Mas,
para sua surpresa, seu irmão chamara Irani e Bianca. Chamando-o ao quarto,
Giancarlo falou ao irmão:
-
Tú não podes portare questo nativo para a cá. – Disse, de forma autoritária,
ao seu irmão. – É um pranzo per gli italiani, gli indiani não saberão se
comportar.104
Giancarlo
aprendera um pouco de português com Minerva, que era uma professora paciente e
dedicada:
-
Como sempre ocorre contigo, fratello mio, - ponderou Giácomo. – Julgas
as pessoas sem, ao menos, conoscerle. Irani e Bianca i miei ospiti. Se
não os quiser a cá, não terá mia presenza, capisci. Quer isso na sua festa
di matrimonio?105 – Mesmo aborrecidos, Giancarlo e Giácomo
retornaram para seus convidados. Giancarlo fingiu que a presença de Irani e
Bianca não existiam, mas isso não fazia diferença, pois os outros fizeram a
presença deles serem bem-vindas.
Após
terem comido generosamente, pois Giancarlo não poupara esforços para que o
almoço fosse maravilhoso – mesmo que quem tivesse feito a comida tivesse sido
Ceres, Minerva e Diana, ele que dera todos os produtos que vieram de sua
mercearia – ele convidou a todos para prestarem atenção nele:
-
Perdomani se todas as palavras não saírem in portoghese. Minerva
tem sido un'insegnante eccellente, ma tem sido difficile
parlare algumas palavras. Convidei a todos a cá, perché queria pedir
a signor Eneias, levando em conta – olhou para Giácomo – delle tradizioni
que temos come pilastro della nostra società, a mão de sua figlia
Diana in matrimonio.106 – Todos, com exceção de Giácomo, sorriram
e olharam para Enéias esperando sua resposta. Enéias levantou e ficou diante de
Giancarlo, olhando direto nos olhos:
-
Meu rapaz, - começou Enéias. – sempre sonhei em miei figlias conhecerem
homens dedicados, trabalhadores, que lhe dessem uma vida segura e de boa
providência. Vejo isso em ti, jovem Giancarlo. És dedicado aos seus afazeres,
ao seu negócio, mantendo uma vida saudável, sem vícios. Percebi, em ti, algumas
mudanças relevantes e, por isso, fico contente em conceder-lhe a mão de mia
figlia Diana em casamento. – O aplauso foi uníssono, até mesmo Giácomo, que
parecia aborrecido, aplaudiu a decisão:
-
Sendo assim, - Giarcarlo dirigiu-se a Diana, ajoelhando diante dela, - io ti
sposo, Diana. – e colocou em seu dedo uma bela aliança que encomendara.
Percebendo que Giácomo estava mais distante, Joshua foi até ele:
-
Parece aborrecido, Giácomo? – Questionou Joshua.
-
Aborrecimentos típicos com mio fratello, giovane Joshua. –
Respondeu Giácomo, com um sorriso sem sentido. – Nada com que precise se preocupar
em demasia. E aí? – Questionou, mudando de assunto. – Já se passaram três meses
e ainda a cá se encontram. Quando pretendem partir?
-
Pois é. – Argumentou Joshua, olhando na direção de Miguel, que sorria, abraçado
a Minerva. – Não tardará para partirmos. Minha preocupação é com Miguel.
Acredito que terei de conversar com Minerva sobre isso e não com ele, mas fico
temeroso dele se aborrecer, sendo assim, creio que terei de conversar com
ambos. Vai ser difícil, mas precisa ser feito. – Giácomo olhou para o casal,
que parecia totalmente distraído de tudo e plenamente felizes e abanou a
cabeça, em concordância com o que Joshua falara.
Depois
do festim, saíram em comitiva em direção a residência de Eneias:
-
Me perdoem, por favor. – Joshua interrompeu a caminhada quando chegaram à
praça. – Preciso ter uma prosa com meu primo e vossa filha, se me permitirem. –
Eneias olhou firmemente para Joshua e depois direcionou o olhar para o casal, e
com um abano de cabeça, concordou com o pedido do jovem. Após eles se
afastarem, Joshua convidou-os para sentar, sabendo que não precisava mais fazer
uso de outros idiomas, prosseguiu:
-
Acredito que sabem o meu motivo dessa parada repentina.
-
Eu não vou. – Sentenciou Miguel.
-
Não é uma decisão somente sua, Miguel. – Argumentou Joshua. – Eu não posso
voltar sem você para a nossa época. Sem contar que sabemos bem que você voltará
comigo.
-
Eu não posso voltar, Joshua. – Retrucou Miguel, com uma voz amargurada. – Não
posso fazer isso com Minerva... – antes que pudesse continuar, Minerva o
interrompeu:
-
Miguel, amore mio, ti amo davvero,107 mas, por tudo que me
contaste, eu seguirei minha vida de forma que sua presença estará sempre
comigo. Você é parte de mim e eu sou parte de ti, e sempre seremos. – Ela deu
um sorriso. – Chega a ser estranho, pois eu me apaixonei pelo meu sobrinho-neto
e ele por mim. Definitivamente, o amor não tem fronteiras e pode transcender o
tempo. Mio padre, uma vez me falou de um poeta, Virgílio. Já ouviu falar,
Joshua. – Ele consentiu com a cabeça. – Então, existe um poema dele que, em
determinada parte fala o seguinte, “l'amore vince tutto, l'amore tutto
supporta”108, então sempre teremos um ao outro, mesmo que a
distância – sendo essa o tempo – seja longa. Em que anos vocês estão no seu tempo?
-
Em 1993. – Respondeu Joshua, pois Miguel parecia arrebentado por dentro, sem
falar nada.
-
Façamos o seguinte. Como disseste – Ela tocou o rosto de Miguel com um carinho
enorme – eu viverei minha vida em plenitude. Viajarei, conhecerei outros mundos,
outras pessoas. Terei minha vida toda para pensar sobre nós, sobre nosso amor
e, quem sabe, nos reencontraremos. Usando de tua forma de pensar, creio que
serei uma sessentona e tanto – não seria assim que tu falaria? – E o beijou nos
lábios. Uma lágrima correu do olho de Miguel, e ele retribuiu ao beijo, com uma
ardência de paixão avassaladora:
-
Amanhã falaremos mais disso. – Argumentou Miguel, com um tom de tristeza.
-
Não. – Pontuou Minerva. – Amanhã, bem cedo, partirão. – Ela olhou para Joshua.
– Vocês devem ir. Não quero despedidas. Quero guardar tudo que vivemos aqui, na
memória. Compreendeu, Joshua? – Ele abanou a cabeça, em concordância, com um
olhar triste. E se dirigiu a Miguel:
-
Miguel, eu sei pelo que está passando. – Miguel olhou com um semblante de ira,
mas foi breve, pois lembrou pelo que Joshua passara em Aiarp. – Simplesmente
não tínhamos como saber o que aconteceria. – Se voltou para Minerva. – Amanhã
partiremos cedo. Vamos para a pensão, Miguel! – Minerva, com uma lágrima correndo
pelo rosto, deu um último beijo na face de Miguel, levantou-se e foi para casa.
O primo de Joshua não parecia que conseguiria levantar-se dali. Ficou
cabisbaixo durante momentos a fio. Vendo-os na praça, Giácomo, que havia levado
Irani e Bianca até a aldeia deles após o festim, foi em sua direção:
-
Mais o que se passa com giovane Miguel? Parece extremamente abalado.
-
Iremos embora amanhã, Giácomo. – Respondeu Joshua. – Iremos no raiar do dia, a
pedido de Minerva. Ela não deseja despedidas.
-
Então partiriam sem se despedir d’eu, pelo que aparenta. – Mencionou Giácomo.
-
Me perdoe por isso, Giácomo, mas eu pensei em deixar Miguel na pousada e depois
iria falar contigo, me despedir e explicar que estaríamos de partida. –
Respondeu Joshua.
-
Compreendo. – Disse Giácomo. – Bene, giovane Joshua. Nunca
aceitarei que me chame de nonno, mas sempre o aceitarei como se fosse
meu nipote. – E lhe deu um abraço caloroso. – Cuide de ti mesmo e de teu
cugino. Addio, ragazzo mio.109 – E, com um sorriso e
os olhos marejados, Joshua respondeu:
-
Addio, mio amato zio.110 – E viu Giácomo ir na direção da
mercearia. Foi até Miguel e ajudou-o a levantar-se. – Vamos nessa, Miguel.
Vamos para casa. – E, ao invés de irem para a pousada, procuraram uma carroça
que pudessem leva-los até a estação mais próxima e, de lá, pegaram o primeiro
trem para a capital. Chegaram bem tarde da noite e, sabendo que a caminhada era
longa, mas que não tinham nada a perder, começaram a andar na direção do canal
que os levaria até o clube de golfe, novamente. No caminho para o clube, nada
foi falado ou conversado. Em determinado momento, pois os calçados não eram
próprios para caminhada, tiraram os sapatos e as meias e sentiram o chão frio
de pedras. A Longa andança cansou Joshua, mas o preparo físico de Miguel o
deixou bem.
Miguel
estava taciturno, diferente. Joshua chegou a fazer alguns comentários na
intenção de puxar um assunto, mas Miguel somente sabia responder
monossilabicamente. No canal, quando chegaram, já era madrugada, e não viram
nenhum sinal de pessoas. Pegaram uma pequena jangada que estava enlaçada e,
então Miguel começou a remar, na direção do mangue que ficava atrás do clube.
Ao desembarcarem, tentaram caminhar em silêncio, para não despertar os vigias
do clube. À distância, viram um brilho fantasmagórico no local que deveriam ter
chegado e foram até ele, ouvindo alguém chamando à distância. Ignoraram o
chamado e, ao chegarem no brilho, o tocaram e sentiram um puxão no centro do
corpo e, quando virão, estavam vomitando na sala do Interportal:
-
E então, como foi? – Questionou Fred assim que os viu. Miguel o olhou de uma
forma que parecia odiá-lo. Se dirigiu para Joshua e falou:
-
Vou trocar de roupa. – E saiu na direção de onde tinha deixado seus trajes,
antes de partir, há três meses atrás. Assim que ele saiu, Fred dirigiu-se
unicamente à seu aluno:
-
O que aconteceu com ele?
-
O que eu sabia que aconteceria, infelizmente. – Respondeu Joshua. – Ele
apaixonou-se pela nossa tia Minerva.
-
Como você sabia que isso ia acontecer, Joshua? – Perguntou Fred, com espanto.
-
Antes de partirmos, contei ao meu tio-avô sobre nossa aventura em Aiarp e ele
não perguntou nada e nem ficou assustado, somente dizendo, “então já
aconteceu”. Eu fiquei abismado com aquilo e então ele me contou sobre nossa
passagem pelo tempo em que ele e nonno Giancarlo haviam chegado ao
Brasil, foram ajudados por nós e do amor arrebatador entre Miguel e tia
Minerva.
Sério,
professor, tentei evitar tudo, mas era como imaginávamos. O tempo não pode ser
mudado. Tudo o que tinha que acontecer, aconteceu.
-
Quando me contou sobre essa viagem e o que poderia ocorrer, eu já suspeitava
dessa influência no tempo. Não há como modificar o que já existe, somente
deixar acontecer. – Refletiu Fred. Nesse momento, Miguel saiu do quarto,
segurando as roupas que tinha chegado até ali e entregou a Joshua:
-
Queime-as. – Pontuou. – Tô indo nessa. Tem problema?
-
Não Miguel. – Disse Joshua. – Vai nessa. Nos falamos depois. – E Miguel saiu
dali com o dia já raiando. Joshua olhou para seu professor e falou que ia se mudar
e dirigiu-se ao escritório, onde havia deixado suas roupas.
No
dia seguinte, Miguel acordou tarde e perdeu a hora da universidade. Sua mãe
falou com ele que havia ouvido um choro de seu quarto e ele respondeu que não
era nada, que estava tudo bem. Tomou café e saiu para correr. Quando chegou da
corrida viu um carro vermelho escuro parado na frente de sua casa. Assim que
entrava, ouviu um burburinho na sala, era a voz de sua mãe, que parecia animada,
e de outra pessoa, que ele não reconheceu:
-
Miguel, é você? – Perguntou sua mãe. Ele então foi na direção da voz dela e se
deparou com uma senhora sentada na sala. Os cabelos dessa senhora eram uma
mistura de preto com prateado. Batiam nos ombros. Seu semblante era de uma pessoa
que envelhecera bem, com poucas rugas, mas bem bronzeada. Miguel, apesar da
idade na aparência daquela mulher, a reconheceu:
-
Miguel, essa é minha zia Minerva. – Disse sua mãe, animada. – Eu falei
dela com você. É professora de idiomas e ajudou babbo a aprender
português. Viajou – e ainda viaja – pelo mundo e montou uma escola de idiomas
aqui, ensinando inglês e italiano, além de ajudar italianos a aprender
português. – Minerva foi em direção à Miguel e disse:
-
Ciao, bel ragazzo italiano.101 – Aquilo fez com que Miguel
arregalasse os olhos de espanto. Ele ficou sem ação, até que sua mãe disse,
toda feliz:
-
Nossa, eu tinha até esquecido disso. – Se virou para Miguel. - Logo que você
nasceu, zia Minerva foi-nos visitar na maternidade e disse exatamente
isso. Que bom que está aqui, zia. Quanto tempo pretende ficar?
-
Não muito. – Ela disse. Se virou para Miguel. – Miguel? Aprendeste o italiano
devidamente? – Novamente ele ficara boquiaberto e sem reposta, deixando sua mãe
falar por ele:
-
Ah sim, zia. Babbo ensinou a ele, muito a contragosto. Queria
somente ensinar o filho de meu irmão, mas Miguel conseguiu convencê-lo. –
Minerva sorria, mas não tirava o olho de Miguel:
-
Cassandra, minha querida. – Disse Minerva à mãe de Miguel. – Poderia me trazer
uma xicara de café e alguma coisa para comer. Odeio comida de avião e não comi
nada até o momento.
-
Lógico, zia. – Respondeu a mãe de Miguel. – Meu querido, faça sala para zia
Minerva, por favor. – Miguel somente balançou a cabeça, olhando para Minerva.
Eles se sentaram na mesma poltrona, e Minerva falou:
-
I missed you. Dreamed of me?102 – Miguel agiu sem pensar e
abraçou a Minerva.
-
Sim. – falou-lhe ao pé do ouvido. – Senti sua falta e sonhei com você. – Ao
sair do abraço, olhou na direção da cozinha e, aos cochichos disse. – Como
sabia quando tínhamos voltado? ‘Cê tem uma bola de cristal ou algo assim? –
Minerva sorriu.
-
Não. – Terminou dizendo. – Há uns dias atrás entrei em contato com a
universidade que você e Joshua estudam e falei com o professor de Joshua, Fred
– achou eu –, e pedi que me informasse quando vocês retornassem da viagem que
estavam fazendo. Falei que era tia de ambos e ele prometeu que me diria quando
chegariam. Ontem, de madrugada, recebi uma mensagem eletrônica desse professor,
dizendo que vocês haviam chegado. Então me preparei e vim visita-lo. Faz tanto
tempo, il mio bel ragazzo italiano.103
-
Isso é loucura. – Colocou Miguel, se levantando e indo na direção contrária à
dela. – Eu queria poder beija-la, mas não seria certo, não agora. –
Minerva se levantou e foi na direção dele.
-
Sim, eu sei. – Tocou-o no ombro. – Não seria adequado fazermos isso, mesmo que
desejemos. Naquela época, naquele pequeno vilarejo, ainda não éramos tia e
sobrinho, mas agora. Como eu prometera, vivi uma vida maravilhosa, Miguel, e
nunca o esqueci. Nunca deixei de ama-lo, nenhum momento. Preferi não me casar,
mas vivenciei muitas coisas. Minha vida foi plena e maravilhosa, da melhor
forma que pude vive-la. Você é jovem, e lindo. Fiquei sabendo de suas aventuras
com as amigas de uma de suas primas e, a cada uma dessas suas vivências, senti
uma pontada de ciúmes, mas tinha ciência que era uma outra vida, sua primeira
vida. Agora você retornou e, com certeza, és uma outra pessoa. Essa eu chamo de
sua segunda vida, uma vida com uma nova experiência, uma nova vivência. Não se
negue a nada, Miguel. Apaixone-se, ame – se for possível –, pois tu és um lindo
homem, tanto por fora, quanto por dentro, e merece a felicidade que a vida lhe
trará. Amore mio, ti amo davvero. – E tomou o rosto de Miguel entre as
mãos, baixando-o sua testa a altura de seus lábios e, carinhosamente, o beijou.
Ele sentiu uma gota pingar em sua testa e sabia que Minerva chorava, pois ele
também estava com lágrimas nos olhos. Quando olhou novamente nos olhos dela,
Minerva enxugava as lágrimas. – Faça-me um favor, diga a sua mãe que não
poderei aguardar. – Mas, antes que ela pudesse sair, Miguel segurou
delicadamente em sua mão:
-
Por favor, não vá. – Ele falou. – Eu não vivi uma vida com você, mas gostaria
de conhecer essa vida que você viveu. – Minerva sorriu e, de mãos dadas com
Miguel, seguiram para tomar café com a mãe de Miguel.
73 – O que está fazendo?
74 – O que houve, jovem Miguel?
75 - Sinceramente, Giancarlo, não é nada que
possa lhe interessar. [...] Você demonstra um tremendo desprezo pelo meu primo
e está interessado em mim. Com licença!
76 - Mas isso é forma de se
tratar uma pessoa que se preocupa com ele?
77 - Com licença minha irmã, senhor
Giancarlo, mas o Miguel está chateado com outra coisa. Desculpe.
78 – Jovem (...)
79 – O que vocês pensam que estão fazendo?
80 – Babbo precisa saber como Giancarlo o tratou. (...) - Ele não pode
destratá-lo, criando um pré conceito com sua pessoa.
81 – Olha, eu entendo sua preocupação e agradeço, Minerva, mas mesmo que
você explique ao seu pai as ações preconceituosas de Giancarlo, ele não mudará.
82 – Mas ele está andando com minha irmã. (...) - Babbo sempre disse
que, não importa as diferenças, devemos tratar todos iguais, pois não
conhecemos o amanhã.
83 – Perdoe-me, jovem Miguel, mas vou levar minha filha para casa. Não
era para ela estar na rua, principalmente por ser uma moça de família.
84 – Nossa (...) intensos (...) Agora (...) preço acessível.
85 – (...) nosso pai (...) arrendado (...) por dinheiro (...) Casa de
câmbio (...) nossa atividade (...) meu irmão (...) eu (...).
86 - Perdoe-me, jovem Miguel. Bom dia para você.
87 - Será um prazer tê-lo para o almoço.
88 - desaparecido
89 - Olá senhoritas. Como estão nesta manhã?
90 – Senti saudades de você. Sonhou comigo?
91 – Rapaz Miguel, você sabe onde eu poderia encontrar o jovem
Giancarlo?
92 – Rapaz Josué, eu gostaria de pedir desculpas pela forma com tratei
você.
93 - Você entendeu tudo que ele disse e está fazendo essa cara de
paisagem de propósito, não é?
94 – Cara de paisagem?
95 – Que não entendeu nada.
96 – Olhe, sua irmã está rindo de mim.
97 – Eu aceito suas desculpas.
98 – O que ele quis dizer?
99 – Que ele tem um puta cérebro nessa cabeça pequena.
100 – surpreso.
101 – sobrinho-neto.
102 – (...) esperando por nós. Vamos cear, moços e moças.
103 - Não entendi (...) mas não me lembro (...) família (...) jovem (...).
104 – (...) podes trazer (...) almoço para italianos, indianos (...).
105 – (...) meu irmão (...) conhecê-las. (...) meus convidados. (...)
não terá minha presença, entendeu. (...) festa de casamento?
106 - Me perdoem (...) em português. (...) uma excelente professora, mas
(...) difícil falar (...) porque (...) senhor (...) as tradições que temos como
um pilar de nossa sociedade (...) em casamento.
107 – Miguel, meu amor, te amo mesmo (...)
108 – “O amor a tudo vence, o amor a tudo suporta”.
109 – Adeus, meu menino.
100 – Adeus, meu tio amado.
101 – Olá, belo rapaz italiano.
102 – Senti sua falta. Sonhou comigo?
103 – (...) meu belo rapaz italiano.
104 – Meu amor, te amo mesmo.
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