terça-feira, 16 de julho de 2019

Teatro Capixaba: Mini-biographia: Wilson Nunes

Republicação do projeto "Mini-biographia" que fiz de Wilson Nunes, em 15 de setembro de 2010, com grande ajuda do Dimensão Cultura.

Eu comecei esse projeto há alguns dias, timidamente, com a personagem de Milson Henriques, Marly, que ganhou corpo e voz com o ator e diretor José Luiz Gobbi. Depois parti para outra personagem da ficção, que é uma criação em dupla de Wilson Nunes e Edilson Pedrini (um a concebeu e o outro escreveu as falas dela), Melani Marques.
Agora o projeto Mini-Biographia toma outro rumo graças a duas pessoas, a atriz e produtora Karina Americano e Wagner Trarbach, que está cursando a faculdade de Rádio e TV na FAESA, que entrevistaram para o Dimensão Cultura, o ator, diretor, produtor, dramaturgo, locutor, professor de teatro, cantor, descobridor de talentos e – lógico! – criador de Melani Marques, Wilson Nunes. Esse trabalho foi gostoso de fazer, pois ver a trajetória de Wilson e tudo que ele conquistou de lá para cá, e simplesmente inebriante. Abaixo você poderá ver o resultado dessa Mini-Biographia:
Wilson não começou como ator como muitos devem acreditar, sua carreira se iniciou como cantor em um Festival de Música em Santa Tereza em 1980, ganhando o prêmio de Melhor Interprete do Festival com a música “Quadrilha no Arraiá”, forró do capixaba Zé Orlando. Nesse mesmo ano ele começou fazendo serestas no Álvares Cabral, em Vitória, no Clube do Português, que se localizava na Serra e no ARCI, em Vila Velha, e foi assim durante dois anos.
Em 1982, Wilson Nunes começou sua carreira como ator. Nesse ano ele fez seu primeiro teste com Milton Neves, criador da Vovó Bina, na Agência Vovó Bina, da Vovó Bina Produções Artísticas, e iniciou como Papai Noel em eventos natalinos no Centro da Praia Shopping e Boulevard da Praia, ambos localizados na Praia do Canto, em Vitória.
Seu primeiro trabalho em palco aconteceu na peça “O Gato Playboy”, de Paulo Pinheiro, como o Guarda Real. Ela servia, também, para animar festinhas de crianças, e era assim que Wilson começava a fazer a construção de suas personagens e suas improvisações, que são tão conhecidas e esperadas em seus espetáculos. O trabalho de interpretação, construção da personagem, era totalmente autodidata. Ele aprendia a ser ator indo assistir espetáculos com os atores e atrizes que já desenvolviam esse trabalho no Espírito Santo, como Geiza Ramos, Inácia Freitas, Vera Rocha e Cesar Sampaio, os diretores Milton Neves (que o descobrira) e Renato Saudino são suas melhores referências como diretores teatrais. Esses já eram os “gigantes” do nosso teatro e chegavam a intimidar Wilson, devido ao talento que possuíam, fazendo-o refletir muito em como poderia embarcar nesse meio que tanto o contagiava e o deixava feliz. Mas com os trabalhos desenvolvidos ao lado de Milton Neves, Wilson conseguiu embarcar no ramo de comerciais de TV.
Raridade na década de 1980, Wilson Nunes conseguiu fazer uma média de cinco comerciais nesse período, e mesmo sem muita experiência com vídeo, pois cursos em Vitória, tanto para teatro quanto para vídeo, não existiam, ele encarou e deu certo. Mas aquela década fora totalmente voltada para o teatro. Depois de “O Gato Playboy”, foi a vez da peça infantil de Maria Clara Machado, “Maria Minhoca”. Wilson ainda fez a personagem Halleyzinho na peça infantil “As Aventuras de Halleyzinho”, escrito e dirigido por Milton Neves, em comemoração com a passagem do cometa Halley em 1986. Enquanto esteve junto à Turma da Vovó Bina, Wilson aprendeu a seriedade e o comprometimento com o teatro. Dedicado como é, Wilson as vezes, para participar dos ensaios com a Turma da Vovó Bina, ia de Maruípe ao Centro, andando e lendo o texto da peça.
Já na década de 1990, Wilson Nunes começou estrelando, ao lado de Marlon Christie, Tadeu Schneider e Gilberto Helmer, a peça “Os Gatos do Beco”, escrito e dirigido por Alvarito Mendes Filho. A peça se tornou um grande sucesso na época, e foi o pontapé para o início da carreira solo de Wilson. A peça infantil era uma mistura de Beatles com o musical da Broadway – de forma bem mais humilde - “Cats”. As lembranças carinhosas de Wilson com esse espetáculo, vem desde as improvisações engraçadas dentro do elenco até os acidentes que sofrera, como a queda do palco do Teatro da Garoto, em Vila Velha, no qual ele saiu mancando, mas sem descaracterizar a personagem, continuou miando. Após esse grande sucesso ao lado de Alvarito, Wilson participou de sua primeira peça teatral adulta, “Hello Creuzodete 2: A Missão”.
Primeiro surgiu o convite pelo autor Milson Henriques e o ator José Luiz Gobbi, após verem o trabalho de Wilson em “Os Gatos do Beco”, para um teste. Milson já conhecia Wilson da época em que ele fazia serestas, e depois de tantas vezes ir assistir ao espetáculo infantil, o convite foi feito.
No mesmo dia do teste, Wilson foi contratado para a continuação de “Hello Creuzodete”, no qual Gobbi fazia a personagem central Marly, criada por Milson Henriques para as tiras de jornal. Como “Os Gatos do Beco”, “Hello Creuzodete 2: A Missão” também fora um grande sucesso, estreando no Teatro Glória e depois indo para o Teatro Galpão, aonde ficou em cartaz com todos os fins de semana lotados, e levou Wilson Nunes a outros trabalhos.
Ele voltou a fazer infantil na peça “Pinóquio, O Menino”, que ficou um mês em cartaz no Teatro João Caetano, do Rio de Janeiro, após a vinda do diretor Rogério Fróes à capital. Quando retornou, Wilson teve sua estreia como diretor profissional de teatro em “Minha Sogra 44”, que foi também seu primeiro texto para os palcos. A peça contava a história de Fred e Duda, o primeiro um funcionário de banco e o outro era um transformista. Ambos eram namorados e viviam bem, até que um dia recebem o telefonema da mãe do Fred, Dona Carmelita, que queria visitá-los. Assim sendo, para que ela não saiba do caso de ambos, eles decidem colocar a empregada Lauriete como esposa do Fred, só que a mãe deste, cria um grande interesse pela falsa esposa, criando uma grande bagunça dentro da casa. No elenco, com Wilson Nunes, estavam Célia Sampaio, Gilberto Helmer e Mauro Pinheiro.
O sistema de direção adotado por Wilson é muito interessante, pois para estar em palco e dirigir ao mesmo tempo, ele adotou pedras para fazer a demarcação de cena. Sendo assim, cada ator era uma pedra, com uma cor diferente, e quando ele movimentava tinha ideia de como desenrolaria a trama, podendo se encaixar depois.
Dentro de todos os trabalhos, Wilson Nunes, após seu sucesso em “Hello Creuzodete II: A Missão”, recebeu vários convites, dentre eles se tornou locutor. Em um projeto na Praça Costa Pereira, chamado “Sobre Mesa”, que acontecia em uma grande estrutura, todas as quartas-feiras ao meio-dia, ele era o Entertainer, que apresentava os músicos que cantavam, além de divertir àqueles que transitavam pela praça.
Mas o teatro sempre foi o foco de Wilson, que voltou a ser convidado por Milson Henriques e José Luiz Gobbi para encenar a peça “Hello Creuzodete III: A Perereca da Marly”, uma comédia infantil satirizando o conto Cinderela. Foi nesta mesma época que Wilson Nunes sofreu sua paralisia facial, duas semanas antes de estear a peça. Todo o lado esquerdo de seu rosto simplesmente parou, mas ele não deixou de estrear como Cacilda, uma das irmãs más da “Marly Cinderela”, fazendo uso da paralisia para composição da personagem. Como anteriormente, A Perereca da Marly fora outro grande sucesso.
Em 1999, Alvarito Mendes Filho retorna com o espetáculo Os Gatos do Beco, no mesmo período em que Wilson começou a dar aula de teatro na Escola de Teatro, Dança e Música FAFI, por convite do diretor e dramaturgo Erlon Paschoal.
No ano posterior, em 2000, Wilson estreou “Por Favor, Matem Minha Empregada”, dando vida a socialite Melani Marques. O texto era de Edilson Pedrini, que apresentou a peça à Wilson dentro de uma boate. No elenco, além de Wilson e Edilson, tínhamos Altair Caetano, Eder Faé, Flaviano Avilloni e Stael Magesck. O espetáculo era uma comédia besteirol que teve público recorde na época de 80.000 espectadores, tendo sucesso repetido em 2001. Em 2002 estreia “Por Favor Matem Minha Empregada 2”, com retorno de todos os atores do primeiro e acréscimo da atriz Alexandra Rosa. Em 2003, Wilson fica somente como diretor da peça infanto-juvenil “No Tempo do Vinil”, aonde descobre vários talentos como Higor Campanharo e Léia Rodrigues, que trabalha até hoje com Wilson. A peça é narrada por uma freira em uma escola de meninas, suas lembranças das alunas que por ali passaram e dos rapazes que elas vieram a conhecer. O sucesso foi tanto que ela ganhou o Prêmio de Melhor Peça infanto-juvenil no Festival Nacional de Guaçuí. Neste mesmo ano Wilson é chamado por Milson Henriques para dirigir “Filho Adolescente, Pais Aborrecentes”.
Em 2004, Wilson decidi adaptar a obra de William Shakespeare, “Romeu e Julieta... O Amor Venceu!”, para o palco do Teatro Galpão, voltando a atuar e dirigir nesse trabalho, ao lado de alguns talentos que ele descobrira em “No Tempo do Vinil”. Já em 2005, ele monta “Por Favor, Matem Meu Patrão”, onde fazia uma crítica, bem humorada, ao descaso das repartições públicas. Em 2006 ele iniciou a montagem de “Minha Sogra é de Matar”, uma releitura da peça “Minha Sogra 44”, com a introdução de uma nova personagem, A estreia aconteceu em 2007, sendo que ficou no ano anterior levando “Por Favor, Matem Meu Patrão” para outras cidades do Espírito Santo.
Mesmo com “Minha Sogra é de Matar” ainda em cartaz, em 2008 Wilson volta com Melani Marques, mas dessa vez ela incorpora Cleópatra na peça “Luz, Câmera... Cleópatra em Ação”. No enredo, Melani decide fazer um filme sobre Cleópatra, aonde ela é a personagem. Como em suas outras passadas pelo teatro, a peça se torna um verdadeiro sucesso e leva a Wilson fazer sua primeira Dobradinha Cultural encenando em um fim de semana “Minha Sogra é de Matar” e no outro “Luz, Câmera... Cleópatra em Ação”.
Wilson nunca negou a essência de seus espetáculos, que são besteirol, pois é isso que as torna verdadeiros sucessos.
Em 2009, Wilson é novamente convidado por José Luiz Gobbi, que agora encara a produção, e o multimídia Milson Henriques, para dirigir o conto infantil de Milson “O Bello e as feras”. A história fala sobre a imigração italiana no Espírito Santo e conta as aventuras de Bello, um italiano que decide se embrenhar na Mata Atlântica e se depara na disputa entre Dona Onça e Dona Jiboia, para descobrirem qual delas é a Rainha das florestas brasileiras, e para tal ambas precisam devorar um humano, no caso, Bello. Com a ajuda de uma linda Beija-flor, um macaquinho e um gambá, ele consegue se safar.
No ano de 2010, Wilson volta aos palcos atuando como Melani Marques novamente na peça “Minha Empregada é de Matar 3 – 10 Anos Depois...”. Dessa vez, a candidata a socialite decide se candidatar a Deputada Federal. A peça traz de volta vários atores da primeira montagem ao lado de novos atores e esteve em cartaz no Clube dos Oficiais, a partir do dia 26 de setembro de 2010 (domingo), as 19h30.
Wilson Nunes é um daqueles atores que estima por ser capixaba, sem pensar em fazer carreira fora do estado, e sua carreira ascende a cada novo trabalho que desenvolve, seja como apresentador, diretor, ator, descobridor de talentos ou mesmo dramaturgo, seus trabalhos encantam a todos que acompanham sua carreira. Um excelente profissional, que respeita a todos que trabalham com ele, desde o ator com quem divide a cena até mesmo ao contrarregra, ele trata a todos igualitariamente (posso falar por experiência própria!).
Aqui termino essa Mini-Biographia, deixando-os com os vídeos que tanto me ajudaram.


Sobre Wilson...

Wilson Nunes em um desenho que fiz dele.

Sendo bem sincero, eu não vou falar sobre uma perda, mas sobre tudo que ele representa... mas, lógico, temos de falar sobre quem perdemos.
Perdemos Wilson Nunes!
Para alguns, esse nome não pode significar muito – falei para minha mãe e ela nem imaginava quem ele era –, mas para outros ele significa LUTA!
Anos atrás, quando perdemos um outro grande artista capixaba, Milson Henriques – tá, eu sei que ele nasceu no Rio de Janeiro, mas ele era mais capixaba do que carioca – eu pensei em vir aqui e prestar minha homenagem, mas eu conhecia Milson menos ainda do que conhecia Wilson. Milson teve uma grande influência na minha infância, quando eu estava caminhando na tentativa de aprender a desenhar. Já Wilson teve uma influência no meu lado artístico.
Eu decidi fazer teatro em 1998, quando embarquei em um curso particular cuja professora era a atriz Alcione Dias. Nessa época, o nome Wilson Nunes não tinha muito significado para mim, mesmo que ele já estivesse no cenário capixaba atuando em peças como “Os Gatos do Beco”, “Hello, Creuzodete II: A Missão”, “Pinóquio: O Menino”, “Minha Sogra 44”, entre outras.
Desse curso, fui para a Fafi, onde viria a conhecer o ator e diretor José Luiz Gobbi, com quem Wilson trabalhara em “Hello, Creuzodete II: A Missão” e “Hello, Creuzodete: A Perereca da Marly”, mas mesmo assim não conhecia muito sobre ele. Quando ocorreu uma apresentação em comemoração do aniversário de Vitória, no Parque Moscoso, onde Milson Henriques escrevera os esquetes, fiquei conhecendo Wilson, mas a distância, pois ele dirigia o trabalho. Depois ouvia coisas aqui e ali sobre ele, pois nem todos gostavam da forma dele fazer teatro – e ele sabia disso –, pois dava muita ênfase ao besteirol, às comédias “bobas”. Quando eu o conheci de fato, foi que acendeu meu fascínio pelo artista.
Wilson era humilde, mas não comedido. Nem poderia ser, pois na sua luta constante para fazer o teatro capixaba funcionar, ele corria atrás, batalhava insistentemente. Ele mesmo produzia seus trabalhos, pois sabia o que queria em cena. Comprava os tecidos, decidia a iluminação, dirigia seu elenco e fomentava seus espetáculos. Lógico que ele tinha aliados, aquelas pessoas que estavam ao seu lado e o ajudavam em tudo que ele precisava. Mas ele tinha essas pessoas a sua volta, pois ele acreditava nelas e elas nele.
Carismático, Wilson tratava todos com igualdade. Passei por uma experiência de ser seu contrarregra em uma viagem do espetáculo “O Bello e as Feras”, escrito por Milson Henriques.
Eu já tinha desistido do teatro. Não levara a frente minhas participações em “O Pássaro Azul” e “Boulevard, 83”, mas Wilson me chamou para acompanha-lo em uma viagem para Venda Nova do Imigrante com “O Bello e as Feras”. Lá, eu percebi o quanto todos a sua volta o amavam. Ele se preocupava com os mais jovens, pois se sentia como pai deles (era o responsável), mas não deixava de se preocupar com os adultos.
Nessa viagem, Milson Henriques estava junto, também. E, em uma conversa com ele, percebi sua admiração e carinho por Wilson. Eles estavam pensando em desenvolver muitos trabalhos juntos.
Wilson ainda tentou me chamar para outro trabalho em continuação – ele estava realizando uma nova montagem para “Minha Sogra é de Matar” – mas eu já havia embarcado na Faculdade de História e não pude seguir junto.
Meu contato com Wilson, depois disso, foi somente por telefone ou por mensagens. Só que, uma vez, quando terminara de escrever uma peça de teatro, eu entrei em contato com ele e enviei por e-mail. Nos encontramos e ele foi bem sincero comigo, o que aumentou ainda mais minha admiração por ele.
Quando Milson partiu para o outro lado, foi uma perda tremenda para Wilson. Ele sofreu muito e, constantemente, buscava lembrar a todos da importância de Milson para o nosso cenário artístico-cênico. Milson deixou com ele a responsabilidade de cuidar de seu acervo que, em uma conversa recente com Wilson, estava totalmente organizado.
Essa conversa ocorreu, pois eu desistira, totalmente, do teatro. Queria desativar o blog Teatro Capixaba, larguei a página no Facebook – passei para Wyller Villaças –, abandonei o grupo e queria “quebrar” todos os laços, em definitivo, pois trilhei outro caminho e me afastei totalmente da cena cênica-teatral. Então Wilson entrou em contato comigo pedindo que eu ligasse para ele e conversamos.
Ele me lembrou da importância do blog e no quanto aquilo significava para o nosso teatro. Wilson era assim, uma pessoa incentivadora, motivadora e amiga.
Agora eu menciono a perda: Em 25 de junho de 2016, nós perdemos Milson Henriques e, no dia 16 de julho de 2019, nós perdemos Wilson Tadeu Nunes. O Elísio, com certeza, está sorrindo mais do que nunca agora!

domingo, 7 de julho de 2019

O ÚLTIMO DOS CZARES (The Last Czars, 2019)


Nicolau II (Robert Jack) se torna o novo Czar com a morte de seu pai, Alexandre III. Perto do final do século XIX, se casa com a bela Alexandra Fyodorovna (Susanna Herbert) e é coroado czar. Seu período como czar foi um período de extremo desenvolvimento industrial de toda a Rússia, mas também acarretou em movimentos contra a autarquia do soberano. A insatisfação do povo russo crescia drasticamente, pois viam o país crescer, mas não haviam melhoras em suas condições de vida.
Nicolau pouco demonstrava sua preocupação com o povo, pois vivia cercado de seus ministros e conselheiros, que decidiam as posições que ele deveria tomar, tanto que entrou em um conflito contra o Império japonês, que foi uma catástrofe. Suas preocupações estavam voltadas para gerar um herdeiro, pois somente tivera filhas – Olga, Tatyana, Maria e Anastasia. Quando Alexey nasce, descobre que o menino tem hemofilia e, para após anos brucando ajudar seu herdeiro, entra em cena o “padre” Grigory Rasputin (Ben Cartwright), que impressionantemente deixa o jovem herdeiro melhor. Com isso, a czarina, crendo que Rasputin é uma benção, exige que sua permanência seja constante na corte, trazendo problemas para o governo totalitarista de Nicolau.
Com o crescimento dos problemas, atentados aos conselheiros de Nicolau, ele estabelece o Duma – um órgão legislativo do Império Russo.
Com a chegada da Primeira Guerra Mundial, os conselheiros de Nicolau o recomendam a entrar nessa nova guerra, contra o Império Austro-húngaro e a Alemanha. Com isso, os problemas tencionam ainda mais e a Revolução bate a porta do governo, com protestos, interrupções de batalhas, até o total domínio do poder russo, levando até pedido do czar de abrir mão do poder, encerrando séculos de domínio Romanov no império russo.
Isso é o resumo do resumo de “O Último dos Czares”, série documental da Netflix sobre os últimos anos de Nicolau II à frente do Império Russo.
A série tem caráter de documentário, mesmo com atores interpretando e atuando como os pivôs da crise que levaria a Queda dos Romanov. Ela é sempre intercalada com comentários e explanações de historiadores de grandes universidades mundiais, dando clareza do que ocorreu na Rússia de 1896 a 1917. Além disso, traz como pano de fundo a história da descoberta de uma jovem que diz ser a filha mais nova de Nicolau e Alexandra, Anastasia.
“O Último dos Czares” é um fantástico trabalho de estudo e compreensão histórica do que ocorreu com os últimos dos Romanov e o início da Revolução Russa, que levou a criação da União Soviética, uma Estado Comunista Totalitarista, que durou de 1917 a 1985, quando Gorbachev iniciou a Perestroika e a Glasnost.

sábado, 6 de julho de 2019

HUMAN - O que faz de nós humanos?


O que nos torna humanos? Amor? Força? Determinação? Obstinação? Emprego? Riqueza? Probreza? Felicidade? Tristeza?
Cada humano existe e vive uma realidade diferente de tudo e de todos. Alguns têm semelhanças, mas como eles encaram a realidade, muitas vezes, é de forma diferente.
O que é realmente amor? O que é ter Força, determinação e obstinação? O que é ser empregado? O que é riqueza? Ou pobreza?
A série documental “Human” – disponível, completa, no YouTube – mostra esses vários aspectos de ser humano.
Amamos, odiamos, lutamos, sobrevivemos, trabalhamos, nos importamos, somos esnobes, desprezamos os outros... pois somos humanos.
“Human” chega a ser mais do que um documentário, pois é o relato de várias vidas, vários tipos, religiões, gêneros, espécies humanas que sofrem, riem, se magoam, mas sempre descobrem que a vida humana, por mais dura ou “fácil” que seja, precisa ser vivida em sua plenitude.
No YouTube, individualmente, são 96 vídeos de cada ser humano que dá seu depoimento. Já a série-documental é dividida em três volume de uma hora e meia cada um. O conhecimento que cada um desses volumes traz no faz pensar um pouco sobre nós mesmos, seres humanos como cada um que narra sua vida em vídeos.
O que somos nós? Quem somos nós? O que nos diferencia? A cor de nossa pele? Nossa sexualidade? Nossa religião? Nossa condição social? Por que isso nos diferencia, já que respiramos o mesmo ar, precisamos de nos alimentar? Precisamos amar!
A iniciativa do diretor francês Yann Arthus-Bertrand é maravilhosa com “Human”. Contando com o apoio e produção da Humankind Production, da Google Cultural Institute, Foundation Goodplanet, “Human” se torna o mais abrangente e emocionante relato mundial do que a humanidade significa no geral.
Você tem soldados, sobreviventes, esposas e maridos – não importa o gênero –, trabalhadores, judeus e mulçumanos – que considero mais do que uma religião –, brancos, negros e amarelos – raça só existe uma, a humana –, todo o tipo de seres humanos, que falam sobre seus amores, suas decepções, sua luta constante, seu sofrimento, sua felicidade.
Mesmo que eu esteja fazendo esse relato sobre “Human” – algo que eu desejava ter feito quando assisti pela primeira vez, mas (como agora) me achava incompetente para isso –, somente assistindo para conseguir compreender de verdade o quão importante essa série é.
Antes de finalizar esse texto, que lhes deixar algo expressivo, que o ex-presidente do Uruguai, Jose Alberto Mujica Cordano, fala em “Human”:

“Ou você é feliz com pouco, com pouca bagagem, pois a felicidade está em você, ou não consegue nada.
Isso não é a apologia da pobreza, mas da sobriedade. Só que inventamos uma sociedade de consumo... consumista e a economia tem de crescer, ou acontece uma tragédia.
Inventamos uma montanha de consumos supérfluos. Compra-se e descarta-se. Mas o que se gasta é tempo de vida.
Quando compro algo, ou você compra, não pagamos com dinheiro, pagamos com o tempo de vida que tivemos de gastar para ter aquele dinheiro. Mas tem um detalhe: tudo se compra, menos a vida. A vida se gasta. E é lamentável desperdiçar a vida para perder a liberdade”.

Human” pode ser assistido no YouTube:


P.S.: Se eu pareci repetitivo e cansativo, me perdoem, mas também sou humano!