Baagh[1] se sentia extremamente valente e amava explorar os arredores do local que sua genitora, Maan[2], construíra para ela e seus irmãos. Quando não brincava com eles, enquanto sua mãe saía para a caça, ela decidia explorar o ambiente. Seu objetivo era ser tão feroz e destemida quanto sua mãe.
Um dia, enquanto sua genitora
caçava, Baagh viu, à distância, uma toca estranha e maior do que a dela, então
decidiu se aproximar. Desde que sua genitora lhe permitiu sair da toca, Baagh
já viu de todos os tipos de seres, mas, em geral, eles andavam como ela. O ser acinzentado,
sentado na relva perto daquela enorme toca, além de não se apoiar com todos os
membros, tinha uma lanugem somente no topo da cabeça e era bem pouca. Além do
que, parecia bem menor do que ela. “Será que era por estar sentando?”, pensou Baagh,
“E que jeito estranho de sentar”. Mas, enquanto pensava nisso, o ser estranho
pareceu vê-la e, em uma linguagem estranha, chamou Baagh.
Baagh era corajosa, mas aprendera
a ser precavida. Sua genitora sempre lhe disse para não se aproximar de outros
seres, pois eles poderiam ser capazes de machucá-la, já que era jovem demais. Então,
de forma furtiva, ela se aproximou do ser de poucos pelos. Seu cheiro era suave e o tom cinza de sua pele era diferente dos outros. Aquele ser passou as mãos
em seus pelos e ela se sentia acariciada, mas de forma macia. Não era como a
língua de sua mãe, quando esta lhe banhava, mas sim algo suave e delicado.
Então Baagh decidiu retribuir, mas como não sabia articular com os membros
frontais, igual àquele ser, decidiu fazer como sua mãe, que sempre lhe falou
que uma lambida era uma forma de carinho. O sabor daquele ser era adocicado,
algo que Baagh nunca experimentara antes. Quando ela terminou de lambê-lo,
ouviu um grito estridente vindo dele. Ela viu que arranhou a pele daquele ser
débil com sua língua. Surgiu um outro ser, saindo da grande toca, o que
assustou Baagh que correu para o interior da floresta. Ela retornou para sua toca,
mas preferiu não falar nada para os outros ou para sua genitora.
Dias se passaram e Baagh e seus
irmãos aproveitavam o tempo livre para aprender práticas com sua mãe, além de tentar
descobrir quem seria o dominador daquela tribo. Ela sempre vencia. Quanto
àquela toca gigante e os seres que lá viviam? Baagh preferiu esquecê-los. Mas
eles não tinham esquecido dela.
Em determinado dia, enquanto Baagh, seus irmãos e sua genitora descansavam no interior da toca, um cheiro estranho permeou o ar. Quando despertaram, parecia que Gagan[3] havia decido ao chão. Uma grande escuridão, em pleno dia, tomara a entrada da toca e sua genitora gritou para que eles corressem para fora. Então ouviu-se os estrondos. Parecia Garjan[4] rugindo com Gagan, depois de Bijalee[5] iluminar os céus, antes de Varsha[6] empapar seu corpo, mas eram mais contínuos e repetitivos. Maan, a genitora, percebeu que eles estavam cercados por algo tão iluminado quanto Bijalee e que emitia um ardor que Baagh nunca sentira antes. Mesmo com toda luminosidade, Baagh reconheceu os seres altos que lembravam o pequeno que ela encontrara. Eles apontavam, para sua genitora, objetos finos. Ela ouviu sua genitora suplicando a eles para que se afastassem e a deixassem fugir com Baagh e seus irmãos. Baagh também tentou dizer a eles que ela não havia feito por mal, então viu Maan olhar para ela de forma assustada e ela explicou o que ocorrera. Quando Maan se virou para explicar para aqueles seres o que ocorrera, Garjan surgiu daqueles objetos finos e atingiu Maan, que caiu.
Baagh já havia testemunhado o
decesso, pois era algo comum matar para se alimentar. Maan sempre trazia seres abatidos
para alimentar a ela e seus irmãos, então conhecia o odor que saía de sua genitora.
Aquilo a aturdiu, pois não esperava algo assim. Se sentiu culpada com
aquilo, mas quando viu estava cercada por aqueles seres que se apoiavam em dois
membros. Ela olhou para os irmãos, acuados e temerosos. Eles também sabiam o
que acontecera com Maan. Se sentindo valente e desejando proteger seus irmãos,
ela avançou nos seres e com suas garras, atingiu um dos membros deles e o viu
caindo então, do nada, um objeto pesado atingiu sua cabeça e ela caiu,
desmaiada.
Quando Baagh despertou estava no
interior de um objeto com um cheiro estranho e ranhoso. Ela passou seu membro
frontal nele e o barulho era horrível e a sensação era fria. Viu seus irmãos em outras daquelas coisas, igual a dela. Com o passar dos dias, viu pessoas indo e
vindo e observando a ela e seus irmãos. Um tempo depois, um outro grupo daqueles
seres surgiu e pareceu brigar com os que lhe haviam capturado, então depois de
um tempo ouvindo o grunhido deles, viu ela e os irmãos serem carregados dali.
Não demorou muito, aqueles objetos em que estavam foram abertos e eles se viram
em um maior e com mais espaço, mas ainda não era a toca deles. Seus irmãos iam
e vinham e, quando chegou a vez de Baagh, ela relutou. Temia aqueles seres pelo
que haviam feito a sua genitora, não queria mais proximidade deles. Ela tentou
arranhar – como fizeram antes – e até morder, mas eles tinham a vantagem de
serem maiores e usaram algo semelhante ao objeto que tirou a vida de Maan, mas
o barulho fora diferente e ela adormeceu.
Baagh acordou momentos depois,
com seus irmãos gritando por ela. Nunca se sentira assim antes. Estava tonta e
mal conseguia se apoiar em seus membros. Mas aquilo não durou muito e, em pouco
tempo, ela já estava bem, mas sentia uma dor perto de sua cauda. Seus irmãos
falaram que sentiam a mesma dor.
O tempo passou devagar e Baagh e
seus irmãos cresceram juntos. Os seres que os mantinham ali, lhes davam
alimentos, mas Baagh sempre lhes falavam que Maan não toleraria que eles se
acomodassem. Alguns terminaram fazendo, mas ela ainda tentava manter sua
ferocidade. Sempre que os seres precisavam leva-la, a atingiam com aquele
objeto que a fazia dormir.
Um determinado dia, Baagh e seus
irmãos viram aquela toca abrir e eles saíram para um ambiente totalmente novo e
diferente do que estavam habituados. Alguns de seus irmãos pareciam gostar do
contato com os seres em dois membros, mas não Baagh, que preferiu desaparecer
naquela selva e nunca mais ter contato com nenhum deles.