Continuando o conto dos primos viajantes do Interportal, vamos agora seguir viagem e ver no que eles se metem. Antes, leia a primeira parte:Depois de tomarem café, os dois partiram para o bairro mais próximo, na parte de trás da charrete do dono da pousada. Assim que os deixou no ponto final do bonde, desejou-lhes boa sorte e partiu. Joshua e Miguel pegaram o primeiro bonde para o centro da cidade e quando ambos chegaram, Miguel foi o primeiro a se expressar:
- Mas que bosta é essa? O que aconteceu com o Centro?
- Miguel, estamos em plena década de 1940, você esperava o quê?
- Mas ta tudo diferente. Até mesmo a praça... Olha o teatro? Pra onde iremos agora?
- Bem, podemos ir para a rodoviária, talvez encontremos nonno por lá ou não. De acordo com o que você me contou tempos atrás, ele teve a ajuda de uma pessoa daqui para chegar ao norte do estado, onde conheceu nonna.
- Mas a Rodoviária é longe pra cacete. Nós saltamos aqui, teríamos que andar muito...
- Na verdade, eu desconheço onde era a Rodoviária, então temos de tentar chegar a Ferroviária!
- E como chegamos lá?
- Daquele modo! – E apontou para um charreteiro, que conversava com seus colegas.
Os dois foram até o condutor da charrete e Joshua explicou onde desejavam ir. Montaram na parte de trás da charrete e seguiram em frente. Durante o percurso, Miguel perguntou, em inglês, pois Joshua persistira no fato de seu primo ser estrangeiro:
- Why to go for the city of grandma?¹
- Because it will not better have way to find our grandpa.²
- Muito estranho isso. – falou o charreteiro. Aquilo fez com que Joshua despertasse, acreditando que o homem conhecesse inglês.
- O que, meu bom senhor?
- É que eu nunca pensei que um dia pegaria um estrangeiro na minha charrete. Lógico, já carreguei muitos italianos, até mesmo alemães, teve até um inglês, uma vez, mas nunca um americano. Vocês estão indo pra ferrovia, pra que?
- Precisamos ir pro norte do estado... Uns companheiros dele se encontram por lá.
- Espero que estejam cuidando para que não aja espiões naquelas colônias do norte. Sabe como é, estamos cercados aqui, no norte tem os italianos e no sul os alemães. Dissera no rádio que nenhum cuidado é pouco, então temos de prestar atenção em todos eles.
- O que o senhor sabe sobre a destruição das lojas dos alemães e italianos que moram aqui.
- Eu não sei de nada, só acho uma vergonha. Olha, achei horrível o que aconteceu com aquele homem, também, mas tenho muitos amigos aqui e sei que eles não têm nada a ver com o acontecido. Moram aqui há tanto tempo, que seria impossível ter alguma culpa. Mas tanto no sul, quanto no norte, sempre chegam novos imigrantes. Desses sim, eu desconfio. Sem contar que me falaram que lá eles falam na língua nativa deles, assim ninguém entende. Pode um troço desses? – Joshua balançou a cabeça, em negação. Miguel ficara quieto, fingindo que nada entendia:
- How much time still I go to have to dissimulate that I do not understand nothing?³ - Miguel falou, a certa altura.
- Until arriving the train station.4 – Quanto atravessaram a última ponte, avistaram a estação a distância. Depois de pagarem ao charreteiro, seguiram a pé para a estação e a virão abarrotada de pessoas:
- Carai, isso aqui é mais movimentado que o Aeroporto.
- Pense assim, não teremos um aeroporto até a década de 1940, então as pessoas viajavam de trem ou navio...
- E ônibus! – impôs Miguel.
- Como?
- Não é porque você não sabe onde fica a rodoviária, que as pessoas não viajavam de ônibus. Talvez fossem poucos, mas tinha de acontecer... – Ignorando o questionamento de Miguel, Joshua prosseguiu:
- Precisamos comprar nossas passagens.
- Há! Eu sabia! – Gritou Miguel, chamando a atenção para ele.
- Para com isso, Miguel! Temos de tentar passar despercebidos. – Disse Joshua, num tom quase inaudível, e seguindo o exemplo do primo, Miguel falou:
- Não adianta, cê não vai admitir que estava errado, vai?
- Admitir o quê, Miguel? Você pirou? – reclamou Joshua, em um tom baixo.
- Que você estava errado, que existe transporte rodoviário nessa época.
- Miguel, você é louco. – resmungou Joshua, aborrecido. – Eu já não falei que não sei aonde era a rodoviária nessa época. Eu não sou onisciente, não sei de tudo. Procurei sobre transportes interestaduais dessa época, mas somente encontrei o ferroviário. Me dá um tempo. Vou comprar as passagens. – E saiu, pisando firme, com um Miguel que se sentia glorificado, atrás dele.
Tiveram de esperar um longo tempo até a saída do próximo trem, que somente saía à noite. Enquanto isso, ambos conversaram sobre o avô:
- Por que mesmo que o nonno não lhe ensinou italiano? – Miguel iniciou a covenrsa.
- Ah, você não me perguntou isso... Na verdade, ele somente iria ensinar para Abel, mas você é intrometido...
- É verdade. Abel sempre foi o preferido do nonno. Nonna sempre teve preferência pela Milena...
- E você pelas amigas dela. – Pontuou Joshua.
- O que posso fazer se ela tem amigas lindas. Mas não muda de papo, por que você não tinha você como preferência. Sempre foi o mais inteligente, um verdadeiro prodígio. Poderia ser um mimado, por ser filho único, mas não.
- Miguel, você sabe o motivo! Não vamos entrar nesse assunto. – Respondeu Joshua, um pouco nervoso.
- Pô, Joshua, juro que não. Lembro que sempre íamos à sua casa, pra visitar madrinha, mas não lembro o motivo disso...
- Porque nonno não gostava de papai, satisfeito. – Falou Joshua entre os dentes, para não chamar a atenção, mas com raiva.
- Ei, calma, véi. Não queria te magoar, só puxar uma conversa. – Meio que ignorando o primo, Joshua continuou o relato:
- Nonno nunca concordou com o namoro de mamãe e papai. Lembro dela me contar que os dois brigavam muito...
- Madrinha te contou isso?
- Lá em casa não escondemos nada, Miguel. É uma política criada por papai, pois uma vez mamãe precisou sair correndo com nossa a avó e Tia Francesca e não deu tempo de avisar a papai, então quando ele chegou lá, nonno inventou que ela estava saindo com um amigo de tio Luppino. O lance é que papai não deu crédito ao que nonno falou, pois sabia da falta de apreço por ele. Daí por diante, os dois criaram um código de honra, no qual não mentiriam entre si.
Quando papai foi pedir a mão de mamãe em noivado, nonno se recusou terminantemente, expulsando papai de sua casa a base de empurrões...
- Carai, eu desconhecia esse lado do nonno.
- Duvido, por várias vezes madrinha chegou lá em casa, falando que nonno lhe tratara a base de bordoadas, devido sua curiosidade indomável.
- Ah é, nossa acho que bloqueei isso! Ah, mas pelo menos aprendi coisa pra carai sobre a família. Era foda ser somente o Abel o preferido porque era filho de tio Luppino, o primo uomo del figlio, sendo que madrinha nasceu antes de todos.
- Mas mamãe nunca aceitou as imposições de nonno. Quando ele expulsou papai da casa, ela foi atrás dele e a partir daí, os dois moravam na mesma casa, mas não se falavam. Quando meus pais se casaram, quem a levou até o altar foi tio Giácomo, que se tornou meu “avô”, pois sempre me visitava, para depois contar a nonna, como nós estávamos.
Nem quando eu nasci nonna pode ir à maternidade nos ver, somente foi madrinha, sua mãe, e tio Giácomo, mais ninguém. Todos se afastaram menos madrinha. Quando nonno adoeceu, mamãe quis ir visitá-lo, mas madrinha lhe disse para não fazê-lo, além de papai e tio Giácomo. Depois então começamos a voltar à casa de nonna, mas a aceitação demorou. Por papai nunca teríamos voltado, mas ele fez isso, por mamãe.
- Mas isso acabou e agora vocês agora freqüentam a casa de nonna, sem nóias. Mas to impressionado com o nonno, pô se madrinha curtia ficar com padrinho, por que encrespar?
- Por causa das origens da família de papai. Nonno achava que mamãe deveria se casar com alguém de raízes iguais a dele, desde que não fosse siciliano. Papai não possui descendência italiana, a descendência dele é portuguesa e era isso que nonno não conseguia respeitar. Você sabia que quando tio Giácomo se casou com tia Bianca, nonno e ele pararam de se falar?
- Como cê sabe dessa história? – Perguntou Miguel, surpreso.
- Titio me contou. Tia Bianca tem descendência indígena, acho que isso é óbvio, e quando tia Margareth, irmã de nonna, foi deixada pelo italiano que sumiu, nonno quis que tio Giácomo e ela ficassem juntos, mas um amigo de titio, disse para ele batalhar por aquilo que queria...
- Tio Giácomo tinha amigos aqui no Brasil?
- Ele fez um amigo, ao que parece, já que nonno só estava interessado no namorado de tia Margareth, se tornaram grandes amigos, pois aparentemente ele tinha vindo de Calábria, também.
- Caramba, e eu pensei que sabia de mais coisas que você.
- Mas tio Giácomo e eu conversávamos muito, ou melhor, ainda conversamos. Como eu disse, ele era meu nonno. Eu ainda chamo a ele e tia Bianca assim. Titio diz que nonno sempre foi assim, preferia aos amigos do que a família, mas quando a coisa era relações pessoais, ele sempre tinha preferência pela união de italiano, sendo bem preconceituoso...
- Joshua! – Repreendeu Miguel.
- É verdade Miguel, nonno sempre foi preconceituoso com outras nacionalidades, um bom exemplo foi o que fez com tia Bianca e com meu pai. Ele se afastou de tio Giácomo e mamãe...
- Mas perdoou tio Giácomo, então provavelmente perdoaria madrinha. – Joshua dá uma boa gargalhada, mas não desperta atenções para ambos.
- Você não sabe de nada mesmo, não é? Nonno não perdoou tio Giácomo, ele precisou dele.
- Como assim? – Perguntou Miguel espantado.
- Você sabia que nonno teve problemas financeiros com a cantina, quando a abriu? Ficou devendo muitas pessoas e tal, por isso se mudou com nonna. Mesmo fugindo pra cá, com pouco dinheiro, deixou os problemas para trás, como não tinha muitos amigos, recorreu à única pessoa que tinha. Tio Giácomo estava indo bem com a plantação de café, então foi quando nonno quebrou o pacto de silêncio que havia feito com titio e lhe pediu ajuda. Titio arcou com todas as dívidas e ainda ajudou nonno a se estabelecer, ficando sócio dele na padaria. Quando tio Luppino tinha idade o suficiente para ser sócio de nonno, ele pediu a tio Giácomo para ceder à sociedade para os dois e foi o que titio fez, sem reclamar. Diferente de nonno, tio Giácomo sempre se preocupou com a família.
- Cara, acho que cê ta pré-julgando o nonno rápido demais. Pô, é só a palavra de tio Giácomo.
- A única figura mais próxima de um avô que eu já tive. – Com essas últimas palavras, Miguel não podia dizer muito. Os dois ficaram em silêncio, até a chegada do trem, quando embarcaram, foi então que o destino cruzou z vida de ambos:
- Carai, nem em um milhão de vidas eu acreditaria que isso fosse possível. - proferiu um assustado Miguel.
- Do que está falando Miguel. – Mas este não precisou dizer mais nada, quando Joshua direcionou o olhar para o mesmo local de seu primo, lá estavam duas figuras, trajando as mesmas roupas que eles e pareciam discordar de algo.
- O que fazemos agora? – Indagou Miguel. – Falamos com eles ou não?
- Melhor não, vamos deixá-los embarcar e... – Quando Joshua prestou atenção, seu primo tinha lhe ignorado e ido na direção dos dois italianos:
- Olá, posso aiutarlo?5 – Perguntou Miguel.
- Ah, un italiano. Infine qualcuno che possa fidarsi di. Dice il giovanotto, questo treno a me sta andando verso il nord del dichiarare?6 – Perguntou um dos italianos, que parecia mais apreensivo do que o outro.
- Sì, dire verità, io ed il mio cugino andanti per là, anche.7 – Respondeu Miguel, enquanto Joshua se aproximava.
- Non ho detto Giancarlo, ora io vado, noi che devo imbarcarmi.8 – argumentou o outro.
- O que estão falando? – Questionou Joshua ao se aproximar.
- Ora, um brasileiro. – Comentou um dos italianos, espantado. Meu nome é Giácomo. Como tu chamas?
- Me chamo... Josué e este é Miguel. – Disse Joshua, apontando para o primo.
- Il vostro cugino dice il portoghese?9 – Inquiriu Giancarlo, parecendo nervoso com aquilo.
- Sì, è stato sopportato qui, ma sono venuto di Calabria. Vocês è di dove?10 - Joshua olhou com certo espanto para o primo, mas passou despercebido, pois Giácomo e Giancarlo concentraram os olhos em Miguel.
- Calabria? La destinazione in loro ha sorriso oggi due volte. In primo luogo a quello in loro per presentargli un italiano ed in secondo luogo affinchè siano calabrese. Siamo di Calábria, anche. Ma perchè il relativo cugino è brasiliano e voi non?11 - Antes da conversa continuar, Joshua puxou o primo em um canto e o argüiu:
- O que pensa que está fazendo? Eu ouvi você dizer que a palavra Calábria?
- Pô, é a minha chance de nonno me dar atenção, Joshua, você não entende?
- E era por isso que você queria vir, para ganhar mais atenção do nonno?
- Peraí, cê que quis vir pra cá, por mim teríamos tentado ir pra Aiarp. Estamos aqui por sua causa, então me deixa aproveitar... – Antes que pudessem continuar, foram interrompidos por Giácomo:
- Perdoem-me, mas acredito que precisamos embarcar. – enquanto Miguel seguiu em frente, Giácomo ficou para trás, olhando para Joshua. – Me diga uma coisa, você aparenta ter poucos traços italianos, há quanto tempo tua família reside por a cá?
- Há bastante tempo. A família de minha mãe veio com os primeiros imigrantes italianos, meu pai a conheceu, mas meu nonno não gostava muito dele, devidos suas origens brasileiras.
- Acredito que tu passarás pelo mesmo com meu irmão. Ele tem uma certa aversão a outras nacionalidades...
- Como aprendeu português? – Questionou Joshua, mesmo sabendo da história.
- Ah, com uma ex-namorada, quando decidi residir em Lisboa, durante uns tempos. Ela tinha lindos olhos, cor de avelã, cabelos negros e sedosos. Inesquecível! Precisei aprender o português, e lhe ensinei o italiano. – Joshua ouviu a história, com um olhar nostálgico. – Algo lhe aconteceu?
- Não. – Disse, enxugando as lágrimas que pré-brotavam de seus olhos. – Só me recordei de uma ex-namorada. Bem, vamos? – E embarcaram no trem. Durante a viagem, Miguel e Joshua permaneceram juntos, lado a lado, conversando sobre o encontro fortuito:
- Por que você fez aquilo? – Contestou Joshua, primeiramente.
- Pra que esperar? Nós viemos para conhecer o nonno, então se tivemos a sorte de esbarrar com eles na estação, acho que fiz o mais correto.
- O lance é que você sempre é impetuoso, sempre age antes de discutir a situação.
- Ah, qualé Joshua, viva a vida um pouco mais. – Quando terminou de falar, visualizou Giancarlo vindo na direção deles. – Agora e melhor deixar pra lá, nonno, ou melhor, Giancarlo está vindo para cá.
- Olá. – Disse Giancarlo, ao se aproximar. – Miguel, potremmo andare per il ristorante del vagone?12
- È chiaramente, Giancarlo!13 – Se virou para Joshua. – Depois a gente se fala! – E sai, ao lado de seu futuro avô. Enquanto andavam, em direção do vagão-restaurante, Giancarlo começou a conversa com Miguel:
- Dove mese siete arrivato al Brasile, Miguel?14
- Amperora, ha un tre mesi che sono arrivato qui. Io miei genitori avevano trovato più meglio, a causa della guerra. Non hanno desiderato che ho rinviato all'esercito.15
- Di quale provincia era venuto?16
- Catanzaro. Io miei genitori hanno avuti una piccola casa seguente il comune di Taverna.17
- Capisco. Siamo della Reggio Calabria, di comune di Cardeto. Inoltre siamo venuto a qui a causa della guerra. Il nostro padre non ha desiderato che noi viessemos da fare parte dell'esercito di Mussolini. Ma siamo venuto da solo, che caso non è relativo. Dove sono i relativi genitori?18
- Amperora, avevano ammesso l'amministrazione di una locanda dei miei zii, i genitori di Josué. Il mio padre è nella presenza, mentre la mia madre prende la cura della cucina, con la mia zia, oltre essere il camareira.19
- Italiani legittimi, se abbassando i brasiliani, per potere sopravvivere. Attendo che questo non accade mai con me. Intendo conoscere una italiana e sposarla esso e sopravvivere per il mio cliente adeguato. Forse apre uno spaccio di bevande o qualche cosa di simile.20
- Non degradano i brasiliani. La mia zia è discendente degli italiani mai non ha curato i miei genitori poichè gli impiegati, per l'opposto, noi vivono molto bene. Abbiamo nostra stanza adeguata e posso studiare, senza avere bisogno di non chiedere soldi a nessuno, quindi guadagnano quello adeguato, con lavoro duro.21 – O último comentário de Giancarlo pareceu ofender Miguel, que permaneceu quieto, enquanto bebiam café. Quando ambos retornaram para o vagão de passageiros, Miguel sentou-se ao lado de Joshua, enquanto o italiano seguiu até a sua poltrona:
- Tô muito decepcionado com nonno, Joshua. – Espantado, Joshua inquiriu:
- Por que, o que houve? O que vocês conversaram?
- Cê tinha razão, nonno é um tremendo preconceituoso...
- Miguel, o que vocês dois conversaram? – Interpelou Joshua, apreensivo.
- Criei uma história de que meus pais trabalhavam para os seus, numa pousada. Ele disse que ambos estão se rebaixando aos brasileiros. Que pretendia conhecer uma italiana, desposá-la e montar seu próprio negócio. Velho bastardo, mal sabe a merda que vai se meter...
- Calma Miguel, como disse, nós viemos para conhecê-lo, não para ofendê-lo.
- Pode deixar, não vou mudar a história. Como você e o professor disseram, seria impossível, não?
- Bem, impossível não seria, mas criaria uma vertente, uma nova dimensão, só que eu não quero voltar – ou talvez não voltar – ao nosso tempo e encontrar coisas mudadas, entendeu?
- Não vou fazer nada, pode deixar. Não sou nenhum Marty McFly. – Com isso ficaram em silêncio até chegaram à estação que desembarcariam. Assim que isso aconteceu, Giácomo e Giancarlo se aproximaram de ambos. Foi Giácomo que iniciou a conversa:
- Pelo que vejo, todos desembarcamos na mesma região.
- Quando nossa família chegou ao país, desembarcou aqui. Viemos para conhecer o local que nossos parentes viveram. – Respondeu Joshua. – E vocês, por que vieram para cá?
- Ficamos sabendo que esta é uma região promissora. Que as terras desta cidade são bem férteis, então decidimos nos estabelecer por a cá. Bem, espero que possamos nos ver novamente, pelo jeito a cidade é boa para isso.
- E por que nos separarmos, podemos residir no mesmo lugar. Olha, eu tenho um pouco de dinheiro, podemos ficar na mesma pousada.
- Seria excelente, eu e meu irmão... – Neste instante, Giancarlo interrompe:
- Su che cosa stanno parlando?22
- Josué dentro contribuirà a pagare loro una stanza in una locanda.23
- Preferisco dormire al relento. Se ora accettargli il sussidio, saremo dipendente di esso. Andiamo cercare per gli italiani che nell'aiuto loro. Miguel, sarà benvenuto seguire con noi.24 – Miguel, irado ao entender a conversa, rebateu de forma agressiva:
- Se preferisce dormire al relento, quando un umano offre il sussidio esso, allora è, ma non offre me lo stesso, ancora più quando il mio cugino lo ha aiutato sempre quando ho avuto bisogno di. Giácomo, se desiderare essere con noi, sarà benvenuto.25 – Todos se assustaram com a forma de falar de Miguel, até mesmo Joshua, que já havia conhecido aquele lado do primo e mesmo não entendo o que falava, sabia que aquilo havia sido um ataque:
- Miguel, has calm. I don’t know what you it said and nor, you have of if keeping calm.26
- Joshua, it was to offend you again. It said that it would prefer to sleep to the outdoors of what to accept its aid, as you waited that I reacted?27
- Que linguajar é esse que se falam? – argüiu Giácomo. Artodoado, Joshua se retomou:
- Ah, é inglês. Eu aprendi inglês por causa da pousada e ensinei ao meu primo...
- Assim ninguém entende a vocês, não é?
- Não. – Respondeu assustado. – Como trabalhamos na pousada e neste período de guerra, meu pai achou que seria necessário aprender inglês, contratou uma professora, uma inglesa, e ela me ensinou. Quando Miguel chegou ao Brasil, decidi lhe ensinar português e inglês.
- Em três meses? Ele até que aprendeu bem.
- A prática leva a perfeição, já dizia meu tio. – Contrapôs Joshua, sem pensar.
- Seu tio é um sábio, pois esse também é um ditado que eu sigo. - Joshua ruborizou, ao perceber o que havia mencionado. – Bem, não posso abandonar meu irmão. Se ele não deseja ficar com vocês, devo seguir com ele. Quem sabe nos veremos por aí, já que a cidade parece pequena, vejo possibilidades de isso acontecer. – E cada grupo seguiu por um caminho, com um Giancarlo atordoado pela reação de Miguel, que seguiu enfurecido, ao lado do primo.
Traduções (via WorldLingo):
1 – Por que ir para a cidade de nossa avó?
2 – Porque não teremos melhor maneira de encontrar nosso avô.
(...)
3 – Quanto tempo eu ainda vou ter de fingir que não entendo nada?
4 – Até chegarmos a estação de trem.
(...)
5 – Olá, eu posso ajudar-lhe?
6 – Ah, um italiano. Finalmente alguém em quem confiar. Diga-me, rapaz, você pode me dizer se este trem está indo para o norte?
7 – Sim, para dizer a verdade, eu e o meu primo aqui estamos indo, também.
8 – Eu não disse Giancarlo, agora vamos, precisamos embarcar.
9 – Seu primo fala português?
10 – Sim, ele nasceu aqui, mas eu vim de Calábria. Vocês são de onde?
11 – Calábria? O destino nos sorriu duas vezes hoje. Em primeiro lugar ele nos presenteou com um italiano, em segundo lugar você é um calabrese. Nós também somos de Calábria. Mar por que seu primo é brasileiro e você não?
(...)
12 – Miguel, nós poderíamos ir ao Vagão-restaurante?
13 – É claro, Giancarlo!
14 – Em que mês chegou ao Brasil, Miguel?
15 – Ah, tem uns três meses que chegamos aqui. Meus pais acharam melhor, por causa da guerra. Não queriam que eu entrasse para o exército.
16 – De qual província vocês vieram?
17 – Catanzaro. Os meus pais tinham um casebre na comuna de Taverna.
18 – Eu entendo. Nós somos de Régio Calábria, da comuna de Cardeto. Nós também viemos para cá por causa da guerra. Nosso pais não queria que entrássemos para o exército de Mussolini. Mas nós viemos sozinhos, ao contrário de você. Onde estão seus pais?
19 – Ah, estão trabalhando na administração de uma pousada dos meus tios, pais de Josué. Meu pai ajuda na portaria, enquanto minha mãe cuida da cozinha, com minha tia, além de ser camareira.
20 – Italianos legítimos se rebaixando aos brasileiros para poder sobreviver. Eu espero que isso não aconteça comigo. Eu espero conhecer uma italiana e me casar com ela e sobreviver por minha própria conta. Talvez abra uma cantina ou alguma coisa parecida com isso.
21 – Os brasileiros não nos desonram. Minha tia é descendente de italianos e nunca tratou meus pais como empregados, pelo contrário, nós vivemos muito bem. Nós temos nosso próprio quarto e eu posso estudar, sem ter a necessidade de pedir dinheiro a ninguém, pois ganham o suficiente, com trabalho duro.
(...)
22 – Sobre o que estão falando?
23 - Josué disse que pagará quarto para nós numa pousada.
24 – Prefiro dormir ao relento. Se aceitarmos a ajuda, ficaremos dependentes deles. Vamos procurar outros italianos para nos ajudar. Miguel será bem-vindo a vir conosco.
25 – Se prefere dormir ao relento quando um ser humano lhe oferece ajuda, então tudo bem, mas não me ofereça o mesmo, ainda mais quando meu primo sempre me ajudou que eu precisei. Giácomo, se quiser vir conosco, será bem-vindo.
26 – Miguel tenha calma. Eu não sei o que você disse e nem ele, mas você precisa se manter calmo.
27 - Joshua, ele te ofendeu novamente. Disse que preferia dormir ao relento a aceitar sua ajuda, como você esperava que eu reagisse?
Agora leia a terceira parte.
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