segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Mary Shelley (2017)


Em 1813, Mary Wollstonecraft Godwin (Elle Fanning), durante uma estada na casa de William Baxter (Derek Ridell) e sua filha Isabel Baxter (Maisie Williams), na Escócia, conhece o poeta Percy Bysshe Shelley (Douglas Booth), por quem se apaixona.
Depois de retornar para casa, Mary somente retornaria a ver Percy quando este se torna protégée de seu pai, William Godwin (Stephen Dillane). Mary Godwin, como sua mãe, gosta de escrever e constantemente transcreve os livros escritos dela, sem ter uma identidade de escrita própria.
Mary se envolve em um enorme escândalo para sua época, pois Percy Shelley era casado com Harriet Shelley (Ciara Charteris), com quem tinha uma filha. Ela decide então fugiu com Percy, levando sua irmã Claire Clairmont Godwin (Bel Powley) consigo.
Passando por desespero, desconfiança, perda e descoberta, Mary viaja com sua irmã – então grávida – e Percy Shelley para Genebra, onde passariam um tempo em uma mansão, a Villa Diodati, alugada por Lord Byron (Tom Sturridge), um bom vivant e libertino que viajava com o jovem médico, John Polidori (Ben Hardy). Lá, durante uma noite de chuva, eles são desafiados por Byron a criar uma história de terror. Então, após ter tido um pesadelo horrível, Mary concebe uma das maiores obras literárias de terror do século XIX, se tornando uma das maiores escritoras de sua época.
“Mary Shelley” é a história da criadora de Frankenstein. Nela vemos Elle Fanning interpretando a protagonista de forma estupenda. Lógico que o filme tem sua própria interpretação da história, dando mais volume a luta das mulheres por reconhecimento, algo que já vinha acontecendo desde o final do século XVIII.
Mulheres escritoras não possuíam reconhecimento em meio a sociedade paternalista e machista, elas tinham de fazer publicações anônimas ou aceitar que homens tivessem o reconhecimento de suas escrituras. Uma dessas mulheres, que lutou pelo direito de ter reconhecimento, foi Mary Wollstonecraft (1759-1797). A mãe de Mary Shelley era uma filosofa e escritora feminista que escreveu “A Vindication of the Rights of Woman”, em busca dos direitos das mulheres. Seu marido, William Godwin (1756-1836), era um árduo lutador pelos direitos das mulheres assumirem as titulaturas de suas obras. Ele, um anarquista, conseguiu com que as obras de sua esposa fossem reconhecidas com dela e, depois, conseguiu o mesmo por sua filha, Mary Shelley.
A vida de Mary Shelley não foi fácil, pois ao se envolver com Percy Shelley, terminou causando um grande escândalo na sociedade inglesa. Percy Bysshe Shelley era de uma família abastada. Seu pai era membro do parlamento e sua mãe possuía terras. Após o escândalo, ele perdeu sua herança, ficando somente com o dinheiro de suas publicações, o que não era muito. Ele era um devoto a boêmia, se envolvendo com uma classe de poetas não bem quista. As coisas somente pioraram quando sua irmã terminou engravidando de Lord Byron, pois ele não queria o filho. Tudo isso, mais a perda de um filho, levaram Mary a compor sua obra única e, porque não, máxima.
Percebe-se no filme de onde vem as ideias que ela tem para a composição de Frankenstein. A visita a exposição “Fantasmagoria”, onde ela vê um sapo reagir a estímulos elétricos. Sua depressão após a perda da filha, sua decepção com o marido, a frustração de sua irmã com a recusa de Byron. Tudo é demonstrado em “Mary Shelley”. Um dos pontos máximos do filme foi a visita de John Polidori – que pode ou não ter ocorrido – mostrando o que acontecera com sua obra “O Vampyro”, a primeira obra literária ocidental com os bebedores de sangue.
“Mary Shelley” deve ser assistido por amantes da literaturas, amantes de filmes de terror, bem como por mulheres que acreditam e creem que possuem mais direitos do que lhe são dados, pois a luta de Mary Shelley por seu reconhecimento é bem explicito no cenário do filme.

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