Em 1813, Mary Wollstonecraft Godwin (Elle Fanning), durante
uma estada na casa de William Baxter (Derek Ridell) e sua filha Isabel Baxter
(Maisie Williams), na Escócia, conhece o poeta Percy Bysshe Shelley (Douglas
Booth), por quem se apaixona.
Depois de retornar para casa, Mary somente retornaria a ver
Percy quando este se torna protégée
de seu pai, William Godwin (Stephen Dillane). Mary Godwin, como sua mãe, gosta
de escrever e constantemente transcreve os livros escritos dela, sem ter uma
identidade de escrita própria.
Mary se envolve em um enorme escândalo para sua época, pois
Percy Shelley era casado com Harriet Shelley (Ciara Charteris), com quem tinha
uma filha. Ela decide então fugiu com Percy, levando sua irmã Claire Clairmont
Godwin (Bel Powley) consigo.
Passando por desespero, desconfiança, perda e descoberta, Mary
viaja com sua irmã – então grávida – e Percy Shelley para Genebra, onde passariam
um tempo em uma mansão, a Villa Diodati,
alugada por Lord Byron (Tom Sturridge), um bom
vivant e libertino que viajava com o jovem médico, John Polidori (Ben Hardy).
Lá, durante uma noite de chuva, eles são desafiados por Byron a criar uma
história de terror. Então, após ter tido um pesadelo horrível, Mary concebe uma
das maiores obras literárias de terror do século XIX, se tornando uma das
maiores escritoras de sua época.
“Mary Shelley” é a história da criadora de Frankenstein.
Nela vemos Elle Fanning interpretando a protagonista de forma estupenda. Lógico
que o filme tem sua própria interpretação da história, dando mais volume a luta
das mulheres por reconhecimento, algo que já vinha acontecendo desde o final do
século XVIII.
Mulheres escritoras não possuíam reconhecimento em meio a
sociedade paternalista e machista, elas tinham de fazer publicações anônimas ou
aceitar que homens tivessem o reconhecimento de suas escrituras. Uma dessas
mulheres, que lutou pelo direito de ter reconhecimento, foi Mary Wollstonecraft
(1759-1797). A mãe de Mary Shelley era uma filosofa e escritora feminista que
escreveu “A Vindication of the Rights of
Woman”, em busca dos direitos das mulheres. Seu marido, William Godwin
(1756-1836), era um árduo lutador pelos direitos das mulheres assumirem as
titulaturas de suas obras. Ele, um anarquista, conseguiu com que as obras de
sua esposa fossem reconhecidas com dela e, depois, conseguiu o mesmo por sua
filha, Mary Shelley.
A vida de Mary Shelley não foi fácil, pois ao se envolver
com Percy Shelley, terminou causando um grande escândalo na sociedade inglesa.
Percy Bysshe Shelley era de uma família abastada. Seu pai era membro do
parlamento e sua mãe possuía terras. Após o escândalo, ele perdeu sua herança,
ficando somente com o dinheiro de suas publicações, o que não era muito. Ele
era um devoto a boêmia, se envolvendo com uma classe de poetas não bem quista. As
coisas somente pioraram quando sua irmã terminou engravidando de Lord Byron,
pois ele não queria o filho. Tudo isso, mais a perda de um filho, levaram Mary
a compor sua obra única e, porque não, máxima.
Percebe-se no filme de onde vem as ideias que ela tem para a
composição de Frankenstein. A visita a exposição “Fantasmagoria”, onde ela vê
um sapo reagir a estímulos elétricos. Sua depressão após a perda da filha, sua
decepção com o marido, a frustração de sua irmã com a recusa de Byron. Tudo é
demonstrado em “Mary Shelley”. Um dos pontos máximos do filme foi a visita de
John Polidori – que pode ou não ter ocorrido – mostrando o que acontecera com
sua obra “O Vampyro”, a primeira obra literária ocidental com os bebedores de
sangue.
“Mary Shelley” deve ser assistido por amantes da
literaturas, amantes de filmes de terror, bem como por mulheres que acreditam e
creem que possuem mais direitos do que lhe são dados, pois a luta de Mary Shelley
por seu reconhecimento é bem explicito no cenário do filme.
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