quarta-feira, 10 de setembro de 2025

O Espelho


Um dia, ao levantar, fui como de costume ao banheiro, tomei um banho e quando terminei, me dirigi ao espelho para me pentear e, quando comecei me deparei com a imagem de uma mulher sobre meu ombro esquerdo, mas quando me virei não havia ninguém. Achei estranho, mas não dei importância. Me arrumei e sai para trabalhar. Enquanto caminhava, reconheci a pessoa que havia visto no espelho e ela vinha na minha direção.

Quando nos cruzamos, cumprimentei-a e prossegui, me sentindo estranho por ter feito aquilo, pois nunca havia tido tal reação com pessoas estranhas.

No dia seguinte, segui com minha rotina  e, novamente, ao me olhar no espelho, vi a mulher sobre meu ombro esquerdo. Aquilo era assustador, mas eu precisava sair para trabalhar. No caminho, pensando no que havia acontecido, bem distraído, ouvi uma voz: “Olá, como vai?”, era ela falando comigo, e eu lhe devolvi o cumprimento, seguindo pelo meu caminho, mas no passar do dia não consegui me concentrar no meu trabalho, pensando nela e, com isso, me lembrei que sempre cruzava com ela no caminho para o trabalho.

Quando sexta-feira chegou, uns amigos me chamaram para sair e eu fui com eles em um barzinho. Contei-lhes a minha história e, enquanto uns ficaram assustados, uma amiga minha disse que a conhecia. Aquilo me surpreendeu, mas eu estava determinado a conhecê-la, então pedi que nos apresentasse. No outro dia, recebi um telefonema, onde minha amiga marcou para sairmos à noite, onde nos apresentaria. Passei o dia ansioso e, à noite, me arrumei e corri para o encontro. Chegando lá, minha amiga nos apresentou e começamos a conversar, para nos conhecer. Ela então revelou que estava noiva e aquilo foi um balde de água fria sobre mim. Então, do nada, ela me disse: “Espere, eu gostaria de te apresentar alguém”. Me segurou na mão, me levando até uma outra mesa, onde estava uma outra moça, que ela me apresentou como seu amigo.

“Sente-se!”, ela disse. “Vou deixar vocês conversarem”, e se retirou para a mesa onde estava minha outra amiga. Timidamente iniciamos a conversa e percebemos ter muito em comum. Morávamos perto um do outro, seguíamos o mesmo caminho de trabalho. A conversa estava agradabilíssima, até que, em determinado momento, ela disse: “Eu te conheço do meu espelho”. Aquilo foi surpreendente. Então eu disse que algo semelhante acontecia comigo, mas era a amiga dela que eu via. Foi quando ela revelou: “Todas as manhãs, eu vou ao banheiro e, quando me olho no espelho, vejo aquela moça. Sempre cruzava com ela, no caminho do trabalho, até que decidi abordá-la. Foi então que ela me convidou para vir aqui, hoje, e nos apresentou. Foi quando percebi que era você que eu, verdadeiramente, via no espelho”.

Eram impressionantes as coincidências quanto ao espelho e à história. Eu pedi a ela um minuto e fui à procura daquela moça misteriosa, mas somente encontrei a mesa onde ela e minha amiga estavam, vazia. Elas haviam ido embora. Mas, por mais que eu não soubesse quem ela era, de onde ela viera, eu estava feliz dela ter me apresentado meu verdadeiro amor, meu outro lado do espelho.